Título: JAPÃO TENTA RECUPERAR MERCADO LATINO
Autor: Gilberto Scofield
Fonte: O Globo, 24/05/2005, Economia, p. 23

País perdeu espaço na região para China. Brasil busca recursos japoneses

SEUL. Por trás da intenção de reforçar laços comerciais e de investimentos que uma viagem presidencial deste porte implica, a passagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Ásia faz parte de uma ambiciosa estratégia do Japão de recuperar a influência que possuía sobre os países da América Latina ¿ especialmente o Brasil ¿ na década de 70 e que foi esmagada pelo trator do desenvolvimento chinês.

Por sua vez, a intenção do Brasil é atrair investimentos diretos japoneses, mas de uma maneira mais diversificada do que no passado, quando estes se concentravam em infra-estrutura e agricultura.

Apenas 2,9% das exportações brasileiras vão para o Japão

Segundo dados da Japan External Trade Organization (Jetro), a participação do Brasil na balança comercial japonesa só fez diminuir ao longo dos anos. Em 1976, as exportações japonesas para o Brasil representavam 1,3% do total, o que colocava o mercado brasileiro como 21º destino comercial dos produtos nipônicos. Ano passado, esse percentual recuou para 0,4%, deixando o país na 28ª posição.

¿ Há uma intenção declarada do primeiro-ministro japonês, Junichiro Koizumi, de retomar a influência econômica e política que o Japão possuía no passado sobre a região e, em particular, sobre o Brasil. É claro que isso é trabalho para vários anos, uma relação que o governo brasileiro quer estimular em novas bases, mas existe de fato esse pano de fundo durante a visita presidencial ¿ afirmou o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Mario Vilalva.

Em 1997, as exportações do Brasil para o Japão ¿ a segunda maior economia do mundo ¿ somavam US$3,068 bilhões, ou 5,8% do total. Ano passado, este valor caiu para US$2,7 bilhões, ou 2,9% das vendas externas brasileiras. Nas importações também houve queda no mesmo período: de US$3,5 bilhões para US$2,8 bilhões. E a fatia do Japão minguou de 5,9% para 4,5%. Por sua vez, as exportações brasileiras para a China passaram de US$817 milhões, em 1985, para US$5,4 bilhões no ano passado. (Gilberto Scofield Jr., enviado especial)