Título: De Seul, Lula acompanhou esforço de líderes
Autor: Adriana Vasconcelos, Isabel Braga e Cristiane J.
Fonte: O Globo, 26/05/2005, O País, p. 8

O Brasil encontrou seu caminho. É velejar bem este barco¿, disse em encontro com a comunidade brasileira na Coréia

BRASÍLIA e SEUL. As 12 horas de diferença de fuso horário entre Brasil e Coréia do Sul não impediram que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhasse o desenrolar dos esforços dos dois líderes do governo no Congresso, senador Aloizio Mercadante (PT-SP) e Arlindo Chinaglia (PT-SP), para impedir a instalação da CPI dos Correios. Pouco antes do fim da reunião da bancada do PT no Senado ¿ manhã de ontem no Brasil e já fim do mesmo dia em Seul ¿ Lula telefonou para Mercadante. Quis saber como estava a situação.

O relato não era animador e Lula reforçou críticas ao que considera uma ação eleitoreira da oposição.

¿ O presidente disse que a oposição quer mudar a agenda do país, diante de tantos indicadores positivos que temos colhido e do bom andamento de nossas políticas sociais. Acha que querem mudar a pauta, para que o debate seja outro. Mas garantiu que qualquer indício de corrupção será investigado, atinja quem atingir ¿ contou Mercadante.

Na conversa, que durou cerca de 15 minutos, Mercadante informou que a bancada do PT no Senado acabara de decidir que ninguém assinaria o requerimento da CPI. Ainda sobrou tempo para Lula mandar um recado ao senador Eduardo Suplicy (PT-SP), avisando que estava encaminhando sua sugestão para que seja realizado um jogo amistoso entre as seleções de futebol do Brasil e da Coréia. Suplicy, no fim do dia, assinou o pedido da CPI.

Chinaglia: ¿Conversa com o presidente não se conta¿

Logo depois, Lula ligou para Chinaglia, que fez um relato sobre as dificuldades que o governo vinha enfrentando. O líder do governo não quis dar detalhes da conversa:

¿ Conversa com o presidente a gente não conta.

Limitou-se a lembrar da brincadeira feita por Lula, que, pelo menos à distância, tem mantido o bom humor:

¿ Vocês aí não trabalham, não? Aqui já estou cumprindo uma agenda há horas.

Em Seul, num encontro fechado com 14 grandes empresários e investidores coreanos, Lula se preocupou em afirmar que as medidas econômicas de seu governo independem da disputa da reeleição em 2006. Ele afirmou que o processo eleitoral não vai atrapalhar a continuidade da política econômica, segundo relatou o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), que participou do café da manhã com Lula e os empresários.

Palocci: ¿O momento é de discutir o crescimento¿

Ainda na palestra aos empresários, o presidente brasileiro reforçou que o plano de governo não é focado nas eleições de 2006 e sim num plano de crescimento sustentado e duradouro do país para os próximos anos. O presidente destacou os bom desempenho da economia, como a redução do risco-Brasil e o crescimento das exportações. Segundo Rigotto, Lula disse que os investidores podem acreditar na continuidade da política econômica, num projeto de desenvolvimento de 15 a 20 anos.

O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, também esteve no café da manhã com os empresários coreanos.

¿ O presidente tem insistentemente dito que o momento não é o de discutir eleição. O momento é de discutir governo, medidas e o crescimento do país ¿ disse o ministro.

¿O Brasil encontrou o seu caminho. É olhar para frente¿

Mais tarde, em encontro com a comunidade brasileira em Seul, ao ser perguntado sobre a situação do Brasil Lula respondeu que o país encontrou o seu caminho e que seu governo está tomando as medidas corretas para que não haja retrocesso.

¿ Se não fizermos as coisas certas agora, o Brasil poderá ter o mesmo retrocesso que teve em tantos momentos de sua História, em que parecia que as coisas iam tudo bem e, de repente, o Brasil quase que volta para trás. Não iremos abdicar, jogar fora a oportunidade de fazer o Brasil se transformar numa potência no século 21.

Ao falar da trajetória de Brasil e Coréia do Sul, Lula comparou o ato de governar ao de comandar um barco.

¿ O Brasil encontrou o seu caminho. É olhar para frente, velejar bem esse barco para que a gente possa se encontrar em alto-mar e estourar um dia um champanhe parabenizando Coréia e Brasil por essa aliança.

(*) enviada especial