Título: VICE-PROCURADOR-GERAL VAI ASSUMIR LUGAR DE FONTELES NO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
Autor: Jailton de Carvalho
Fonte: O Globo, 25/05/2005, O País, p. 11

BRASÍLIA. O vice-procurador-geral Antonio Fernando Barros e Silva de Souza será o sucessor do procurador-geral da República, Claudio Fonteles, que deixa o cargo no próximo mês. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu Souza em reunião com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Com a escolha, Lula e Bastos querem mostrar que o governo tem interesse em não inibir qualquer tipo de investigação sobre corrupção que esteja sendo realizada pelo Ministério Público Federal.

A escolha de Souza será anunciada na próxima semana. Para Lula, o vice-procurador tem o mesmo perfil combativo e independente de Fonteles.

- O novo procurador-geral vai ser um desengavetador, como tem sido o Fonteles. O Fonteles não vai deixar qualquer inquérito na gaveta. Depois vocês comparem com o governo anterior e vejam quem é que está interessado em apurar corrupção - disse um assessor do presidente.

A reunião entre Bastos e Lula ocorreu no domingo, antes do presidente viajar para a Coréia do Sul. Na conversa, o presidente reafirmou a importância de que a Polícia Federal faça uma investigação rigorosa das denúncias sobre as irregularidades nos Correios e bateu o martelo sobre o sucessor de Fonteles. Mesmo tendo causado embaraços políticos a integrantes do governo, Fonteles foi sondado para permanecer no caso, mas não aceitou.

Fonteles ajudou Lula na escolha de seu sucessor

Numa reunião com Lula e Bastos há duas semanas, Fonteles teria ajudado o presidente e o ministro na escolha de seu sucessor. Souza entrou no Ministério Público Federal em 1975. Discreto, tem pensamento afinado com Fonteles.

Recentemente, em carta dirigida aos procuradores, Souza lançou seu nome à sucessão de Fonteles. Deixou claro que quer dar continuidade à gestão atual. "Mantenho-me engajado no mesmo, mas constantemente renovado, movimento que logrou obter a transformação da instituição e que quer vê-la cada vez mais como instrumento indispensável à universalização da cidadania no Brasil", disse na carta.

Ao se lançar candidato, Souza pregou a independência da atuação do Ministério Público Federal e defendeu uma atuação em parceria com o Ministério Público estadual.