Título: DIEESE: DESEMPREGO VOLTA A AUMENTAR
Autor: Wagner Gomes
Fonte: O Globo, 25/05/2005, Economia, p. 27

SÃO PAULO. O desemprego subiu pelo terceiro mês consecutivo na Região Metropolitana de São Paulo, segundo a Fundação Seade e o Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). A taxa de desemprego passou de 17,3% da População Economicamente Ativa (PEA) em março para 17,5% em abril. O total de desempregados chegou a 1,753 milhão de pessoas, 38 mil a mais que no mês anterior.

Foram abertas 53 mil vagas no setor de serviços e 24 mil em empregos domésticos e construção. A indústria cortou 3 mil postos de trabalho e o comércio, 5 mil. A criação de vagas foi insuficiente para atender às pessoas que passaram a procurar emprego. Foram abertas em abril 69 mil vagas, mas 107 mil pessoas ingressaram no mercado de trabalho.

O diretor do Dieese Clemente Ganz Lúcio disse que a expansão do crédito e a pequena recuperação da renda ajudam a segurar o emprego. Em março, no acumulado em 12 meses, o rendimento médio real do trabalhador caiu 0,1%, mas os salários da indústria cresceram 4% e os do setor de serviços, 3% (no comércio recuaram 3,8%). Entre fevereiro e março, o rendimento foi de R$1.018, queda de 0,1% sobre fevereiro. Segundo Lúcio, comércio e serviços ainda contratam, mas a indústria começa a ter estabilidade:

- Há um nível elevado de ocupação na indústria, mas alguns setores começam a reclamar. As indústrias que produzem máquinas e equipamentos para o agronegócio não estão indo bem devido à quebra da safra. A atividade industrial é positiva por criar vagas com carteira, mas muitas empresas já começam a reduzir investimentos.

Segundo o Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), o emprego industrial voltou a crescer em abril, mas o setor diz que o cenário não é de otimismo. O avanço foi pelo quarto mês seguido, sendo criadas 9.144 vagas (+0,47% sobre março). Mas com juros altos e real valorizado, os empresários acreditam que a indústria estagnou e nos próximos meses pode haver queda do emprego.

- A indústria já está perdendo o fôlego e alguns setores devem começar a demitir - disse José Veloso Dias Cardoso, diretor do Ciesp.