Título: ANJ VÊ COM OTIMISMO SETOR DE JORNAIS
Autor: Adauri Antunes Barbosa
Fonte: O Globo, 25/05/2005, Economia, p. 31

SÃO PAULO. Depois de um período de ajustes na década de 90, os jornais brasileiros estão prontos para retomar as suas funções social e mercadológica. Essa foi a conclusão do seminário "Virada de página, a nova era dos jornais", promovido ontem em São Paulo pela Associação Nacional de Jornais (ANJ). De acordo com o presidente da entidade, Nelson Sirotsky, nesse período houve um grande questionamento sobre a capacidade de sobrevivência dos jornais com o surgimento de novas tecnologias, como a internet.

- Essa fase de reflexão passou e o que está comprovado é que o jornal vai, sim, sobreviver com eficiência, a partir de uma relação de vínculo muito forte com o público, com todas as suas funções, sejam de natureza política, social, cultural, educacional e, sobretudo, em sua função mercadológica, como agente de ligação entre quem produz e quem consome, como veículo publicitário - disse Sirotsky.

Leitor busca relação de identidade com o jornal

Para o presidente da ANJ, agora as empresas jornalísticas terão de enfrentar o desafio de fazer um jornal adaptado a época atual, para seu público. Vencidos também os problemas financeiros, que atingiram grande parte dos jornais na década passada, Sirotsky vê com otimismo o potencial do mercado nacional.

- O importante é que o leitor quer uma relação de identidade com o jornal, que lhe dê credibilidade em relação a sua fonte. E isso é o jornal que dá - disse.

Durante o painel "O futuro do jornal no país - Falando francamente", o diretor de Mídia Impressa e Rádio das Organizações Globo, Luiz Eduardo Vasconcelos, destacou que o número de leitores nunca foi tão alto no país, incluindo os que lêem os jornais na internet.

- Nunca tivemos tantos leitores como temos hoje, juntando a mídia impressa com a mídia não-impressa - disse Vasconcelos, lembrando que o GLOBO tem 240 mil assinantes no papel e mais de 1,9 milhão de cadastrados na internet, onde o acesso ao jornal é livre.

Na avaliação de Roberto Mesquita, sócio-conselheiro de "O Estado de S.Paulo", o foco da discussão agora são os modelos de crescimento que devem ser procurados. Segundo ele, é preciso aproveitar as novas tecnologias, como fez a Agência Estado, que criou o seu serviço de broadcast.

Na mesma direção, o presidente da "Folha de S.Paulo", Luís Frias, disse que o jornal precisa encontrar seu modelo de negócio. Para ele, a discussão para o futuro é qual o formato que o leitor vai ler.

- Será no formato tradicional, em papel, ou em uma tela de computador? - indagou, observando que a maioria dos jornais não tem estratégia definida para, por exemplo, cobrar a assinatura na internet.