Título: INFLAÇÃO: IPCA-15 FICA EM 0,83%
Autor: Carlos Vasconcellos
Fonte: O Globo, 26/05/2005, Economia, p. 23

Segundo economistas, preços para o consumidor começam a ceder

O pior já passou. Este foi o sentimento dos analistas econômicos ontem, depois da divulgação da inflação pelo IPCA-15, medida pelo IBGE entre 14 de abril e 13 de maio. O índice fechou em 0,83%, contra 0,74% do mês anterior, mas quando comparado ao IPCA fechado do mês de abril (0,87%) já apresentou uma diminuição das pressões inflacionárias. O IPCA é o índice usado pelo governo no sistema de metas de inflação, que são perseguidas pelo Banco Central (BC).

¿ Depois de cinco meses muito ruins, a tendência é de números melhores nos próximos meses ¿ afirmou o economista Luiz Roberto Cunha, da PUC-Rio.

A previsão da consultoria Tendências é de que o IPCA fechado de maio seja bem mais baixo: 0,5%. Para Rachel Fleury, economista da consultoria, o resultado do IPCA-15 ainda foi alto, mas o câmbio valorizado e os juros altos evitaram uma inflação mais elevada. Segundo ela, a estabilização do preço do petróleo no mercado externo também ajudou a diminuir a pressão sobre os preços:

¿ Como a defasagem dos preços da Petrobras diminuiu, os reajustes de combustíveis podem não acontecer nos níveis esperados.

Remédio e tarifa puxam IPCA-15. Fipe registra inflação menor

A maior contribuição individual para o IPCA-15 foi a alta de 4,16% no preço dos remédios, que respondeu por 0,16 ponto percentual no índice. Além disso, pesaram no resultado as altas das tarifas de energia (2,85%) e ônibus urbanos (2,11%).

¿ O cenário é positivo, mas ainda devemos acender a luz amarela por causa das tarifas públicas ¿ disse Rachel, lembrando os próximos reajustes de energia em capitais do país.

A cidade que registrou o IPCA-15 mais alto foi Porto Alegre (1,37%), seguida por Rio de Janeiro (1,35%). Em São Paulo, o índice foi de 0,58%.

Os sinais de desaceleração da inflação dão alguma esperança de que o BC interrompa a seqüência de alta nos juros no próximo mês. Redução, no entanto, estaria descartada.

¿ Há justificativa técnica para não subir os juros na próxima reunião do Copom ¿ disse Cunha ¿ Mas para serem coerentes, não podem baixar a taxa. Se estão perseguindo o centro da meta de inflação (5,1%), têm de manter os juros altos por mais tempo, já que ainda há risco de a inflação ultrapassar o teto da meta (7%).

Em São Paulo, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) também registrou desaceleração da inflação pela quinta quadrissemana seguida. O IPC da Fipe foi de 0,5%, o menor desde a segunda quadrissemana de março (0,38%). A terceira quadrissemana de maio considera a variação de preços nos 30 dias anteriores a 23 de maio. (Colaborou Fabiana Parajara, do Globo Online)