Título: CORÉIA TERÁ BANCO DE DESENVOLVIMENTO NO BRASIL
Autor: Cristiane Jungblut
Fonte: O Globo, 26/05/2005, Economia, p. 27

Lula assina acordos com o país asiático e diz que apenas em dez anos será possível dimensionar os resultados

SEUL (Coréia do Sul) e RIO. Animado com a assinatura de quase uma dezena de contratos e protocolos de entendimento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou ontem que vai autorizar a instalação no Brasil de uma agência do Banco de Desenvolvimento da Coréia ¿ uma espécie de BNDES ¿ para facilitar os investimentos coreanos no país. Hoje, o comércio bilateral é de apenas US$3 bilhões ¿ mas só a intenção de investimento apurada em Seul nesta viagem somou US$4 bilhões. Lula disse que os frutos da visita serão colhidos em uma década:

¿ É impensável que a relação entre Brasil e Coréia seja tão pequena. E o que estamos construindo hoje, possivelmente só daqui a dez anos teremos a exata dimensão do que fomos capazes de produzir ¿ disse Lula.

Em jantar com o presidente da Coréia do Sul, Roh Moo-hyun, Lula disse que o Brasil busca traçar uma trajetória semelhante à do país asiático:

¿ A Coréia continua a preservar sua personalidade, sem abdicar de uma integração dinâmica na economia mundial. O Brasil tem procurado para si uma trajetória semelhante. Avançamos muito no plano político e na macroeconomia. Temos um longo caminho a percorrer, no entanto, nos planos tecnológico e social.

Em almoço com entidades da indústria e do comércio sul-coreanas, Lula enfatizou mais uma vez que o Brasil tem uma economia sólida e que está conseguindo equilibrar o controle das finanças públicas com a capacidade de atração de investimentos por meio de parcerias. O objetivo, segundo o presidente, é transformar o Brasil definitivamente num país desenvolvido. O tom do discurso foi repetido mais tarde, em jantar com Roh Moo-hyun.

¿ O conjunto de instrumentos que assinamos ajuda a dar forma concreta a nossas aspirações e nos faz confiar que a ambiciosa agenda que traçamos será plenamente concretizada ¿ disse Lula.

Para o presidente, os empresários que investem hoje no Brasil reconhecem isso:

¿ As empresas coreanas que estão no Brasil conhecem a criatividade do povo brasileiro, a competência do trabalhador brasileiro e a solidez da economia brasileira.

Lula ¿ que estará hoje no Japão ¿ informou ainda que o país quer diversificar sua pauta de exportações:

¿ Todo mundo sabe que o Brasil é o maior exportador de carne do mundo, um dos maiores exportadores de minério do mundo, o maior exportador de café e de suco de laranja. O que as pessoas não sabem é que o Brasil tem uma indústria aeronáutica de produção de aviões regionais que compete com qualquer empresa de aviação do mundo.

Já o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, disse ontem no Rio que a diversificação de destinos das exportações brasileiras tem um papel importante para o país cumprir a meta de vender ao exterior US$112 bilhões este ano e outros US$120 bilhões em 2006.

Ramalho lembrou que o processo de pulverização fez com que quase 80% dos embarques brasileiros se destinem atualmente a cerca de cem países, garantindo mais consistência às vendas externas. Esse comportamento, explicou, deve-se à estréia de novas empresas atuando no comércio exterior. Ano passado, mais 900 empresas passaram a exportar e pelo menos 600 itens foram incorporados à pauta.

COLABOROU Vagner Ricardo