Título: PRISÃO E PROTESTO EM VOTAÇÃO NO EGITO
Autor:
Fonte: O Globo, 26/05/2005, O Mundo, p. 29

Referendo sobre mudanças eleitorais é boicotado por oposição a Mubarak

CAIRO. Prisões e protestos marcaram ontem a realização de um referendo que buscava apoio para uma mudança na Constituição do Egito, permitindo que mais de um candidato participe das eleições presidenciais.

A oposição ao governo do presidente Hosni Mubarak, entretanto, pregou o boicote à votação, alegando que a mudança constitucional seria apenas cosmética e que, na verdade, não permitiria que oposicionistas concorressem ao cargo. De acordo com a emenda, um candidato independente precisaria ter o apoio de 15% dos membros do Parlamento, enquanto um candidato indicado por um partido de oposição oficial precisaria ter 5% das cadeiras tanto na Câmara quanto no Senado.

O governo, por sua vez, sustentou que as condições impostas para a formalização de uma candidatura são apenas uma forma de garantir a ¿participação de candidatos sérios¿. As restrições, no entanto, deixam fora da corrida presidencial os principais movimentos oposicionistas do país, como a Irmandade Muçulmana.

Alguns ativistas foram atacados por pessoas ligadas ao partido do governo, o PND, segundo jornalistas. Um grupo de ativistas do movimento Kifaya ¿ uma coalizão de esquerdistas, nacionalistas e islamitas ¿ foi cercado por pessoas ligadas ao governo. Quem tentou ultrapassar o cerco foi agredido e muitas pessoas ficaram feridas. Pelo menos 40 opositores acabaram presos.

Mubarak é presidente do Egito desde 1981. A cada seis anos, mediante referendos em que a participação de candidatos rivais é vetada, ele confirma seu nome no principal posto da nação.