Título: LABORATÓRIO DE EXAMES DE DNA DA POLÍCIA CIVIL CONTINUA FECHADO
Autor: Paula Autran
Fonte: O Globo, 27/05/2005, Rio, p. 11
Inauguração foi em fevereiro, com prazo de 40 dias para ser ativado
Inaugurado no início de fevereiro deste ano, o Laboratório de Genética Forense da Polícia Civil, montado para ajudar as investigações policiais com exames de DNA, ainda não teve suas portas abertas, apesar de o chefe de Polícia Civil, Álvaro Lins, ter dado, na época, um prazo de 40 dias para a ativação da unidade. Os equipamentos de análise de DNA custaram ao governo do estado R$1,2 milhão e ficaram encaixotados à espera da construção do laboratório desde 2002. Segundo a Secretaria de Segurança, o laboratório ainda não está em funcionamento porque os equipamentos estão sendo calibrados.
O investimento total dos governos estadual e federal foi de R$4 milhões para a instalação do laboratório. Até hoje, os testes de DNA solicitados pela polícia são feitos por universidades. Segundo disse Lins na inauguração, o estado chegou a gastar R$30 mil num único mês com testes de DNA.
O novo laboratório diminuiria o prazo para a divulgação dos resultados, que poderiam sair em até 24 horas. A capacidade de exames anunciada na época era de 20 por semana e o valor de cada amostra custaria R$300. Em alguns casos seria preciso examinar até 30 amostras.
Perito considera que laboratório é inadequado
O laboratório estaria capacitado a elucidar estupros, analisar amostras de suspeitos de assassinatos e identificar corpos carbonizados ou irreconhecíveis. Mas, segundo o perito Nelson Massini, professor titular de medicina legal da Uerj e da UFRJ, o laboratório tem tudo para não funcionar a contento.
¿ Isso deve ser feito em universidades. Deixar os equipamentos na mão dos médicos não funciona. Tem que haver uma dedicação muito grande. Além disso, os equipamentos comprados já estão ultrapassados. O estado não tem estrutura física, local adequado, isento de poeira, de entrada de pessoas, de contaminação. Além disso, é preciso recorrer a um bioquímico, e não a um médico ¿ analisa Massini.
Ele conta que o valor dos exames vem baixando devido a um novo equipamento que faz leitura rápida dos dados. Anteriormente, um único exame para confirmação de paternidade custava mil dólares (cerca de R$2.500).
¿ Hoje ele custa R$600 por três pessoas. Exame em osso varia de R$8 mil a R$10 mil e em fios de cabelo, R$1.200.
O promotor Homero das Neves, ex-coordenador Criminal do Ministério Público, na época responsável pelos pedidos de exames de DNA ao laboratório da Uerj, acredita que o estado não terá condições de ter uma unidade auto-sustentável. Para ele, é fundamental a assinatura de um convênio entre o MP e o Tribunal de Justiça, para que a polícia possa fazer, além dos exames criminais, testes de confirmação de paternidade.