Título: PROMESSAS DE APOIO
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Fonte: O Globo, 27/05/2005, O Mundo, p. 21
Ao receber ontem pela primeira vez na Casa Branca um líder palestino, o presidente George W. Bush prometeu ao presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, uma ajuda de US$50 milhões. Num outro gesto de boa-vontade, pediu que Israel interrompa a expansão de assentamentos em áreas palestinas e outras atividades que possam prejudicar a retomada do Mapa da Paz, plano patrocinado por EUA, União Européia, Rússia e ONU que prevê a criação de um Estado palestino.
- Os EUA vão fornecer à Autoridade Palestina US$50 milhões para projetos de habitação e infra-estrutura em Gaza - disse Bush.
O anúncio foi uma expressão de seu apoio a Abbas. Bush rejeitava a liderança de Yasser Arafat (morto em novembro do ano passado), que chegara a chamar de terrorista. Abbas tem buscado ajuda financeira direta à ANP, o que os EUA só haviam dado uma vez, com um pacote de US$20 milhões, em dezembro. Tradicionalmente, os recursos são repassados por organizações não-governamentais. Os US$50 milhões são parte de um total de US$350 milhões aprovados pelo Congresso americano.
Mas Bush cobrou de Abbas mais trabalho para combater a corrupção e o terrorismo. Quando lhe perguntaram sobre a presença do grupo extremista Hamas (responsabilizado por inúmeros atentados contra civis israelenses) nas cédulas de votação das eleições palestinas de julho próximo, o presidente americano reforçou uma opinião que já manifestara:
- O Hamas é um grupo terrorista. Há motivos para que esteja na lista terrorista.
Por outro lado, disse a Abbas que "os EUA e a comunidade internacional aplaudem sua rejeição ao terrorismo".
Crítica à barreira de segurança de Israel
Primeiro presidente da ANP a visitar Washington desde que as negociações de paz entraram em colapso, em 2000, Abbas reclamou da expansão dos assentamentos judeus, dispôs-se a dialogar com Israel e disse que o tempo está se tornando o maior inimigo dos palestinos.
- Precisamos pôr fim ao conflito palestino-israelense antes que seja tarde - afirmou.
Bush procurou atender aos anseios dos palestinos:
- Israel não deve realizar qualquer atividade que transgrida o Mapa da Paz ou prejudique as negociações com respeito a Gaza, Cisjordânia e Jerusalém. Portanto, Israel precisa remover postos não autorizados e parar com a expansão de assentamentos - afirmou.
O presidente elogiou Abbas por embarcar "numa difícil viagem, que requer coragem e liderança a cada dia".
- O presidente Abbas é um homem de coragem. Estaremos com você, presidente, enquanto você combater a corrupção, reformar os serviços de segurança palestinos e o sistema de Justiça, e restaurar sua economia - afirmou.
Mostrando disposição para levar adiante Bush também questionou a barreira de segurança que Israel está construindo na Cisjordânia, considerada por palestinos uma anexação de terras disfarçada. Disse que "precisa ser mais uma barreira de segurança do que política, e sua rota deve levar em conta o impacto sobre palestinos não envolvidos em atividades terroristas".
Segundo o presidente americano, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, vai a Jerusalém e Ramallah para consultas com líderes israelenses e palestinos sobre o plano de Israel de retirar colônias da Faixa de Gaza.