Título: LULA CONVOCA COORDENAÇÃO POLÍTICA
Autor: Maria Lima e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 30/05/2005, O País, p. 3

Líderes partidários começam a fazer indicações para integrar a CPI

BRASÍLIA. Depois de seis dias fora do país, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou a convocar para ontem à noite uma reunião ampliada da coordenação política, que incluiria os ministros Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia) e Ciro Gomes (Integração Nacional), para começar a definir a estratégia do governo para controlar a CPI dos Correios. Mas acabou vencido pelo cansaço das 24 horas de viagem que enfrentou do Japão ao Brasil e adiou a reunião para hoje.

Mas a tropa de choque governista, comandada pelos ministros da Casa Civil, José Dirceu, e da Coordenação Política, Aldo Rebelo, passou a tarde reunida com parlamentares da base para definir as formas de ação para restringir, na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, a ação da CPI. Escalado para comandar na CCJ a estratégia do governo na votação do recurso do deputado João Leão (PFL-BA), que questiona a constitucionalidade da CPI, o trio de juristas Sigmaringa Seixas (DF), Luiz Eduardo Greenhalgh (SP) e José Eduardo Cardozo (SP) participou da conversa.

¿ Tomara que outras forças do governo participem com regularidade das reuniões do núcleo duro do governo e não só nas crises ¿ apelou o líder do PSB, deputado Renato Casagrande (PSB-ES).

Mesmo com maioria na CCJ, o governo terá dificuldades para derrubar a decisão do presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros (PMDB-AL), que indeferiu o pedido de João Leão na última quarta-feira, quando foi lido o requerimento da oposição que criou a CPI dos Correios. Isso porque a decisão da comissão ainda teria de ser confirmada pelo plenário do Congresso.

De qualquer maneira, o Palácio do Planalto já conseguiu convencer o presidente da CCJ, deputado Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), um dos 14 petistas que deram apoio à CPI, a inverter a pauta da comissão ¿ que tem 207 recursos na fila para serem apreciados ¿ para priorizar o recurso apresentado por Leão.

¿ Não tem condições de frutificar a idéia da CCJ aprovar um parecer restringindo a ação da CPI. Se isso acontecer, terão que fechar todas as CPIs em funcionamento no Congresso ¿ disse o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).

Chinaglia vai reunir líderes da base para traçar estratégias

Antes da sessão da CCJ, porém, o líder do governo na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), planeja reunir amanhã de manhã todos os líderes da base para traçar a estratégia de atuação dos aliados na votação do recurso de João Leão e discutir as indicações para a composição da CPI dos Correios, embora vários partidos já tenham anunciado suas escolhas.

O PP, por exemplo, já indicou os deputados Nélson Meurer (PR) e Mario Negromonti (BA). O PT terá direito a três vagas, assim como o PMDB, e o PTB a uma.

PMDB já escolheu os quatro representantes na CPI

No Senado, as indicações dos líderes partidários para a CPI estão mais adiantadas. O PMDB já definiu seus quatro representantes, a despeito das especulações de que o partido fechará um bloco com o PT para garantir ao governo o direito de indicar o relator da CPI. Entre os peemedebistas que atuarão na comissão estão o líder da bancada, Ney Suassuna (PB), e outros três parlamentares afinadíssimos com o governo: Luiz Otávio (PA), João Alberto (MA) e Wirlande da Luz (RR), suplente do ministro Romero Jucá.

O senador Valmir Amaral (DF) será o representante do PP. O bloco do governo, formado pelo PT e o PSB, ainda não anunciou suas escolhas, mas o líder petista, Delcídio Amaral (MS), cogita a possibilidade de ele próprio participar da comissão e seus dois antecessores, Ideli Salvatti (SC) e Tião Viana (AC).

A oposição já fez suas escolhas. O bloco PFL-PSDB está indicando os pefelistas César Borges (BA), Heráclito Fortes (PI), Demóstenes Torres (GO) e os tucanos Almeida Lima (SE) e Antero Paes de Barros (MT). O P-SOL terá a senadora Heloísa Helena (AL) como representante. O PDT terá direito a fazer uma indicação e o PTB mais uma. (M.L. e A.V.)