Título: GOVERNO DECIDE USAR REGIMENTO PARA TENTAR BARRAR INVESTIGAÇÃO NA CCJ
Autor: Ilimar Franco, Luiza Damé e Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 31/05/2005, O País, p. 5
Planalto conta com aprovação de recurso contra instalação da comissão
BRASÍLIA. O governo vai usar todos os instrumentos regimentais e a força de sua maioria para tentar barrar a criação da CPI dos Correios na Comissão de Constituição e Justiça. Em reunião com o ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, ontem, os líderes da base aliada fizeram um balanço otimista e acreditam contar com pelo menos 28 votos de um total de 62 ¿ sem os nove votos do PMDB ¿ a favor do recurso contra a CPI apresentado pelo deputado João Leão (PL-BA), que propõe o arquivamento por falta de um fato determinado que justifique a investigação.
O recurso pode ser aprovado por maioria simples tanto na CCJ quanto no plenário do Congresso, para onde será automaticamente enviado, se aprovado na Comissão de Justiça.
Apesar das dissidências, a cúpula do PMDB está engajada na operação pró-governo. Embora o recurso de Leão conteste decisão do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), o partido teme virar alvo das investigações, já que a presidência dos Correios está nas mãos de um peemedebista, o ex-deputado João Henrique (PMDB-PI).
Agripino Maia: ¿Estamos preparados para a guerra¿
A oposição admite que o governo tem maioria na CCJ, mas diz que usará o regimento para dificultar a votação do recurso.
¿ O problema não é ganhar, é postergar. Vamos obstruir a votação e ganhar no mínimo uma semana ¿ diz o líder do PFL, Rodrigo Maia (RJ), contando com o aumento do desgaste do governo na opinião pública.
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), disse que a oposição obstruirá a tramitação da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enquanto a CPI não for instalada.
¿ Estamos preparados para a guerra ¿ disse o líder do PFL no Senado, Agripino Maia (RN).
O presidente da CCJ, Antonio Carlos Biscaia (PT-RJ), escolhe hoje o relator do recurso, que quer incluir na pauta de quinta-feira para tramitação rápida.
Para dificultar a votação na CCJ, a oposição pode pedir a leitura da ata da reunião passada, a inversão da pauta, a verificação de quórum e vistas de duas sessões depois que o parecer for apresentado.
O líder do PT, Paulo Rocha (PA), diz que irá manter a bancada unida na CCJ. Dos 11 integrantes, só dois são da ala de esquerda: Biscaia, que vota em caso de empate, e Nelson Pelegrino (BA). A tendência entre os demais partidos da base aliada, entre eles PL e PP, é votar unido. A oposição fará o mesmo:
¿ Vamos votar de forma homogênea ¿ afirmou o líder do PSDB, Alberto Goldman (SP).