Título: ROSINHA QUER RELATÓRIO SOBRE SEGURANÇA PRIVADA
Autor: Elenilce Bottari e Ronaldo Braga
Fonte: O Globo, 31/05/2005, Rio, p. 17

Órgãos estaduais terão que fazer levantamento de todas as empresas de vigilância que trabalham para o governo

A governadora Rosinha Garotinho determinou ontem que todas as secretarias e outros órgãos estaduais informem, até a próxima sexta-feira, a relação das empresas de segurança que prestam serviços ao governo. Além disso, deverá constar no relatório o número de seguranças, lugares onde trabalham, valor do pagamento e a vigência dos contratos. Como noticiou ontem o GLOBO, o Estado do Rio dobrou os gastos com segurança privada, passando de R$12.627.255 em 2003 para R$ 24.435.379 no ano passado.

O secretário estadual de Governo e Coordenação, Anthony Garotinho, enviou ontem mesmo cartas às secretarias, pedindo ainda que seja especificado o custo de cada vigilante por hora trabalhada. Um levantamento feito pela Comissão Contra a Impunidade da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj) mostrou que um vigilante custa ao estado, por hora, R$8,95 no período diurno e R$10,57 no noturno. Já a hora do soldado da PM sai entre R$4,47 e R$6,88, dependendo da escala de trabalho.

Ontem também, o secretário de Segurança Pública, Marcelo Itagiba, anunciou que apresentará amanhã, ao Conselho de Entidades de Classe das Polícias Civil e Militar (Consepol), o projeto do deputado Carlos Minc (PT) que prevê o pagamento de horas extras aos policiais. O Consepol foi criado recentemente para servir de canal de diálogo entre a categoria e o governo.

O projeto do deputado, que se reuniu ontem com Itagiba, prevê que policiais e bombeiros, sem impedimentos administrativos ou de saúde, possam fazer até oito horas extras semanais para o próprio estado.

¿ O projeto de lei do deputado vai ao encontro do estudo que está sendo elaborado pela Secretaria de Segurança, por determinação da governadora, com o objetivo de verificar a viabilidade de pagar horas extras aos policiais ¿ disse Itagiba.

O aumento do número de policiais mortos no Rio, na maioria dos casos durante o ¿bico¿, vem suscitando a discussão sobre a legalização do trabalho fora das corporações. Segundo o presidente da Associação dos Militares Auxiliares e Especialistas (Amae), tenente Melquisedec Nascimento, o pagamento de horas extras não resolverá o problema da tropa fluminense. Isso porque o Rio paga a seus policiais um terço do que é pago pelo Distrito Federal. Em relação aos seus colegas de São Paulo, o policial do Rio recebe a metade dos vencimentos.

¿ O soldado no Rio ganha R$700, enquanto o de Brasília recebe R$2.198,26 e o de São Paulo, R$1.355,07. Mesmo que o estado aumentasse em 50% os salários, como nós estamos reivindicando, ainda assim nós estaríamos ganhando muito menos do que nesses estados.