Título: COMISSÃO QUE VAI ANALISAR PROPOSTA PARA BANIR O NEPOTISMO É INSTALADA
Autor: Isabel Braga
Fonte: O Globo, 01/06/2005, O País, p. 10

Maioria dos deputados do grupo é contra a contratação de parentes

BRASÍLIA. Quase dois meses depois da aprovação da emenda constitucional pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), foi instalada ontem a comissão especial que analisará a proposta que proíbe o nepotismo na administração pública. O deputado Mannato (PDT-ES) foi eleito presidente da comissão e o deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), relator. A primeira reunião do grupo acontece na próxima terça-feira.

O prazo de 40 sessões para apresentação do relatório final da comissão está correndo desde o dia 26 de abril. Seis dias antes, o presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), criou a comissão, mas a demora na indicação dos integrantes, especialmente do PMDB, atrasou o início dos trabalhos.

Dos 32 deputados da comissão, 19 afirmaram ser a favor da vedação total do nepotismo nos três poderes na União, estados e municípios. Onze deputados admitiram ter dúvidas se a proibição total da contratação de parentes é justa e sugerem a adoção de cotas para os cargos de confiança. Dois não foram ouvidos. Do total de deputados da comissão, sete deputados admitiram empregar parentes.

Presidente da comissão emprega mulher de colega

O deputado Carlos Willian (PMDB-MG) chegou a ser indicado presidente da comissão, mas renunciou ao cargo depois da notícia de que ele mantinha em seu gabinete a mulher, a mãe, a irmã e o irmão.

Soraya Mannato, mulher do deputado Mannato (PDT-ES), agora eleito presidente da comissão, trabalhou durante seis meses, em 2003, no gabinete do ex-deputado José Elias (PTB-ES). Mannato, por sua vez, emprega desde janeiro desde ano, a mulher de José Elias, Maria Elizabeth Dadalto Elias. Este tipo de contratação não se caracteriza como nepotismo, mas é vista com reservas.

Mannato diz que quando percebeu que estava cometendo uma forma de nepotismo (ele se diz contra) pediu que sua mulher fosse exonerada. Mas pretende manter em seu gabinete a mulher do colega. Segundo ele, a funcionária de confiança é peça-chave no trabalho para se reeleger.

O relator, deputado Faria de Sá (PTB-SP), também se diz contrário ao nepotismo.

Quem é quem na comissão

PRESIDENTE

MANNATO (PDT-ES): Fez contratações cruzadas com outro deputado, mas voltou atrás

CONTRA O NEPOTISMO

ARNALDO FARIA DE SÁ (PTB-SP, relator da comissão)

LUIZ COUTO (PT-PB)

WALTER PINHEIRO (PT-BA)

ANDRÉ DE PAULA (PFL-PE)

ACM NETO (PFL-BA)

CARLOS MOTA (PL-MG)

ANTONIO MEDEIROS (PL-SP)

RAUL JUNGMANN (PPS-PE)

SARNEY FILHO (PV-MA)

ANTONIO CARLOS BISCAIA (PT-RJ)

JOSÉ EDUARDO CARDOZO (PT-SP)

JOSÉ ROBERTO ARRUDA (PFL-DF)

ONIX LORENZONI (PFL-RS)

ZULAIÊ COBRA (PSDB-SP)

CEZAR SCHIRMER (PMDB-RS)

ORLANDO FANTAZZINI (PT-SP)

RUBENS OTONI (PT-GO)

JACKSON BARRETO (PTB-SE): Emprega o sobrinho, mas diz que vai adorar a lei. Fala em pressão da família por emprego e diz que, com a lei, vai demitir o parente.

A FAVOR COM RESSALVAS

YEDA CRUSIUS (PSDB-RS): Defende um código de ética para as contratações, sem vedação total para parentes, pois acha isso uma forma de nazismo.

ZENALDO COUTINHO (PSDB-PA): Quer uma lei mais rigorosa, mas diz que vai refletir melhor se é imoral permitir as contratações.

WAGNER LAGO (PP-MA): É a favor de limitar o número de parentes e de cargos de confiança.

MARCONDES GADELHA (PTB-PB): Defende que todos digam quem são os parentes que empregam. Emprega o filho.

EDINHO MONTEMOR (PL-SP): Não vê por que criticar quem emprega um parente. Emprega a mulher.

ISAÍAS SILVESTRE (PSB-MG): Defende a criação de cotas para parentes. Emprega uma sobrinha.

PERPÉTUA ALMEIDA (PCdoB-AC): Defende as cotas. Emprega duas sobrinhas.

MAURO BENEVIDES (PMDB-CE): Defende fim do nepotismo, mas com alguma solução para os que já trabalham. Emprega um parente.

WILSON SANTIAGO (PMDB-PB): Defende o direito a nomear um ou dois parentes. Sua mulher é empregada no gabinete de Benjamim Maranhão (PMDB-PB).

SEM POSIÇÃO CLARA

WILSON CIGNACHI (PMDB-RS): Pensa no que fazer com parentes que já trabalham

BENEDITO DE LIRA (PP-AL): Pessoalmente, não vê problema na contratação de parentes.

NÃO FORAM OUVIDOS

IBRAHIM ABI-ACKEL (PP-MG)

BENJAMIN MARANHÃO (PMDB-PB)