Título: ÓLEO VAZA DE NAVIO ATRACADO NO CAIS DO PORTO
Autor: Antonio Werneck
Fonte: O Globo, 01/06/2005, Rio, p. 13

PF prende em flagrante comandante egípcio da embarcação, que tem rombo de mais de 50cm no casco

O comandante do navio Alminufiyah, de bandeira egípcia, Wasim Mohamed Fathy, foi preso em flagrante ontem de manhã pela Polícia Federal, acusado de crime ambiental. Ele foi considerado o responsável pelo vazamento de óleo que poluiu um trecho de mais de quatro quilômetros da Baía de Guanabara. O navio chegou quarta-feira à noite ao Rio para recolher bobinas de arame da Companhia Belgo Mineira. O vazamento foi provocado por um rombo no casco da embarcação de mais de 50cm de diâmetro. Juntamente com a Capitania dos Portos, a PF identificou manchas de óleo em vários trechos da baía.

Técnicos da Feema e do Ibama foram deslocados para coordenar o trabalho de recolhimento de óleo, na altura do Armazém 8 do Cais do Porto, para onde a embarcação foi levada e está ancorada. Embora não saibam ainda a quantidade exata de óleo que vazou, funcionários da empresa Hidroclean, contratada para fazer a contenção da mancha de óleo pela Transhipping Agenciamento Marítimo (empresa responsável pelo navio no Brasil), disseram que recolheram até o início da noite de ontem cerca de quatro mil litros de óleo misturado com água, apenas com o bombeamento num pequeno trecho da baía em frente ao Armazém 8.

Embarcação teria chegado ao Rio já vazando óleo

A PF informou que a embarcação chegou ao Rio na semana passada já vazando óleo do casco, sem que nenhuma autoridade fosse acionada. Na quinta-feira, quando encostou no cais (na altura do Armazém 7) funcionários das Docas perceberam manchas de óleo em vários trechos da baía, mas não identificaram a origem. Somente no último domingo foi descoberto que o óleo estava saindo do casco do Alminufiyah. A Feema e o Ibama foram acionados na segunda-feira, autuaram o responsável pela embarcação e iniciaram o controle da mancha usando mantas de absorção. Pelo menos 30 funcionários da Hidroclean estão trabalhando no local.

O vazamento foi descoberto por acaso pela PF: uma lancha com policiais do Núcleo de Operações Marítimas (Nepon), em patrulhamento na baía, notou uma grande movimentação no cais ao passar próximo ao local ontem de manhã. Imediatamente os policiais comunicaram o caso aos colegas da Delegacia de Meio Ambiente, na Praça Mauá. No local, os federais já encontraram técnicos da Feema e do Ibama trabalhando.

- O dano ambiental é evidente e, embora técnicos estejam fazendo a contenção da mancha, existe óleo espalhado por vários trechos da baía - disse o delegado federal Deuler Rocha, acrescentando que anexará ao inquérito a foto de um biguá sujo de óleo na popa do navio.

Deuler autuou o comandante com base no artigo 33 da Lei de Crimes Ambientais, que prevê penas que variam entre um e três anos de detenção. Ainda segundo o delegado, o comandante da embarcação (que foi liberado após prestar depoimento) não poderá deixar o país, salvo se for autorizado pela Justiça.

Navio tem passe cassado e não pode deixar o Porto

O navio também teve seu "passe de saída" (documento de deslocamento da embarcação) cassado. Com isso, o Alminufiyah não poderá deixar o país e nem mesmo o Porto do Rio até que os reparos sejam efetivamente feitos e a documentação seja analisada. O navio veio da costa oeste da África, mas ninguém sabe exatamente o que aconteceu para provocar o rombo no casco.

- Vou esperar que amanhã (hoje) o Ibama me apresente seu relatório sobre o dado causado pelo vazamento - disse Deuler Rocha.

Legenda da foto: O COMANDANTE egípcio ao ser preso, com o navio ao fundo