Título: CNI, Fiesp e Iedi criticam política monetária da equipe econômica
Autor: Regina Alvarez
Fonte: O Globo, 01/06/2005, Economia, p. 21
Monteiro e Skaf vêem menos investimentos no setor produtivo
BRASÍLIA e SÃO PAULO. O resultado do Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) no primeiro trimestre, divulgado ontem, surpreendeu a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e foi alvo de críticas de outras entidades do setor, como a Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi). O presidente da CNI, Armando Monteiro Netto, disse que, embora já estivesse prevendo desaceleração da economia, o resultado do PIB revelou que isso acontece com maior intensidade.
Ele atribuiu a expansão de apenas 0,3% do PIB ao longo ciclo de alta de juros, que estaria provocando reflexos negativos na economia. E considerou o resultado preocupante, porque revelou ainda queda da taxa de investimentos.
- Não vamos ter apenas um ritmo de crescimento modesto este ano. O resultado do PIB pode significar também o comprometimento das metas de investimento. Com o declínio da taxa de investimentos, o país perde impulso para continuar a crescer mais significativamente também no próximo ano.
Para CNI, taxa de juros deve cair no 2º semestre
O presidente da CNI prevê que o Brasil deve crescer este ano entre 3% e 3,5% e a indústria, 4,5 %, no mínimo, mas acredita que o comportamento do PIB no primeiro trimestre compromete as metas anteriormente fixadas para o ano.
- Esse resultado mostra que não vamos chegar lá.
Monteiro acrescentou que, com um período tão longo de alta de juros, os agentes econômicos reagem, e os empresários adiam investimentos:
- As crises, antes de serem físicas, são de expectativas.
Monteiro destacou, porém, que o Brasil sempre surpreende e que há três trimestres para avaliar a reação da economia. No segundo semestre, ele espera que os juros caiam de maneira expressiva, o que poderia mudar o humor e as expectativas dos agentes econômicos.
Em nota, a Fiesp afirmou que os dados do PIB confirmam o alerta da Federação segundo o qual a insistência na política de juros altos e câmbio irreal vai se refletir negativamente na economia.
"Este é o pior resultado dos últimos sete trimestres, projetando expansão anual de apenas 1,21%", diz a nota, assinada pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf. "Este péssimo desempenho deve-se às altas taxa de juros, que fizeram os investimentos expandirem-se apenas 2,3%, na comparação com igual trimestre do ano anterior".
Iedi constata estagnação. Dinamismo só externo
Skaf também demonstrou preocupação com o recuo de 1% do setor industrial, apontado nos dados do IBGE.
O Iedi, por sua vez, avaliou que o dinamismo que ainda resta na economia brasileira vem do exterior. A indústria e o investimento em queda levam à estagnação. O Iedi diz que vem alertando as autoridades para os "significativos e desnecessários efeitos adversos da atual política econômica sobre a economia do país". Para o instituto, os dados do primeiro trimestre mostram que a economia está estagnada e precisa da reorientação da política econômica, no "que toca à política de juros, para voltar a crescer".
(*) Com Globo Online
LULA COBRA EXPLICAÇÕES SOBRE QUEDA DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS, na página 23