Título: VASP: CANHEDO NÃO FEZ DEPÓSITO
Autor: Ronaldo D'Ercole e Erica Ribeiro
Fonte: O Globo, 03/06/2005, Economia, p. 23

Empresário descumpre acordo com Justiça do Trabalho novamente

SÃO PAULO e RIO. O empresário Wagner Canhedo, dono da Vasp, voltou ontem a descumprir o acordo que firmou na semana passada com a Justiça de Trabalho de São Paulo. Na terça-feira, Canhedo já havia deixado de entregar uma carta de fiança bancária no valor de R$40 milhões. Até o fechamento do expediente bancário de ontem, o empresário não havia feito o depósito da outra parte dos recursos prometidos, também de R$40 milhões, para o pagamento, hoje, dos salários atrasados.

Em razão disso, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e os sindicatos de aeronautas e aeroviários - que são co-autores de uma ação civil pública contra a Vasp no Tribunal Regional do Trabalho (TRT-SP) - apresentaram ontem ao juiz Homero Mateus da Silva, da 14ª Vara do Trabalho, um pedido de execução dos bens de Canhedo, bloqueados judicialmente. Os bens seriam penhorados, mudança que facilitaria o leilão.

- Além dos salários atrasados desde dezembro, a execução dos bens do grupo Canhedo, que reúne 14 empresas incluindo a Vasp, servirá para quitação das dívidas previdenciárias e junto ao FGTS, que também estão vinculadas ao contrato de trabalho - disse a procuradora Viviann Mattos, do MPT-SP.

Intervenção nem chegou a ser suspensa

O pedido de execução dos bens de Canhedo deve ser analisado hoje pelo juiz do TRT-SP, que ontem informou ao MPT e aos sindicatos que o empresário não só não apresentou a carta de fiança, como sequer apresentou justificativa.

No último dia de maio, Canhedo enviou ao TRT um protocolo de pedido de carta de fiança feito ao BIC Banco, embora o acertado fosse uma fiança do Banco do Brasil. O juiz da 14ª Vara nem chegou a suspender a intervenção na Vasp, iniciada em 10 de março.

O MPT pediu ao juiz do TRT-SP que sejam aplicadas penalidades a Canhedo por deslealdade processual, uma vez que ele criou entre os empregados a expectativa de que receberiam o que lhes é devido.

- Com a intervenção mantida, pedimos também o bloqueio das contas de funcionários que tiveram milhões de reais (da Vasp) movimentados por suas contas. Ao todo, são sete funcionários, das áreas administrativas de Rio, São Paulo e Brasília - disse o advogado do Sindicato Nacional dos Aeroviários, Álvaro Sérgio.