Título: RECIFE: TERRITÓRIO LIVRE PARA VENDA DE CDS PIRATAS
Autor: Letícia Lins
Fonte: O Globo, 05/06/2005, Economia, p. 39

Ambulantes usam carrocinhas e vendem produto ilegal nas praias, à vista das autoridades pernambucanas

RECIFE. Principal cartão postal de Recife, a praia de Boa Viagem transformou-se no paraíso do CD pirata. Desde cedo, principalmente nos fins de semana, centenas de carrocinhas semelhantes às de sorvetes tomam a beira mar para vender, por R$5 a unidade, os produtos pirateados.

E tudo sob o olhar da polícia e de autoridades que freqüentam a orla. Além dos fiscais da Diretoria Geral de Controle Urbano e Ambiental, da prefeitura, que também têm se mostrado impotentes no combate à poluição sonora dos amplificadores habitualmente usados nesse tipo de comércio ilegal.

No domingo passado, em um dos locais mais freqüentados da praia, em apenas dez minutos O GLOBO contou 15 carrocinhas vendendo material fonográfico pirateado. A Gerência de Operações Fiscais da Secretaria da Fazenda não tem estimativa dos prejuízos que a atividade vem provocando no estado.

E a Polícia Federal só tem uma certeza até o momento: a maioria das carrocinhas é abastecida via Caruaru, cidade localizada a 130 quilômetros da capital, onde semanalmente há uma feira de produtos importados. Segundo a Polícia Federal, a feira vende contrabando proveniente do Paraguai.

¿ Sabemos que Caruaru é a base desse comércio clandestino. O delito, tanto para o grande quanto para o pequeno, é igual, mas não adianta prender o pequeno, porque o fornecedor grande vai continuar distribuindo ¿ afirmou a Delegada de Repressão a Crimes Fazendários da Polícia Federal, Fátima Rolim.

Ela informou que a DPF está no momento monitorando a grande quantidade de material jogado em Recife, onde as carrocinhas começam também a marcar presença ostensiva nas ruas centrais, nas quais vêm provocando também muita poluição sonora.

¿ Vamos reiniciar a repressão nas estradas aos chamados sacoleiros. É um trabalho que as pessoas não entendem bem. Dizem que eles estão trabalhando, que se os tirarmos das ruas, vão passar a roubar e assaltar por falta de trabalho. Mas esse tipo de atividade encobre toda uma sorte de outros delitos.