Título: LUCRO DOS BANCOS CRESCE QUASE 50% COM TARIFAS, JUROS ALTOS E MAIS CRÉDITO
Autor: Enio Vieira
Fonte: O Globo, 04/06/2005, Economia, p. 24

BC diz que ganho pulou para R$8,3 bilhões no primeiro trimestre do ano

BRASÍLIA. Os bancos brasileiros lucraram 49,53% mais no primeiro trimestre de 2005, na comparação com o mesmo período do ano passado. Segundo relatório do Banco Central (BC) sobre o sistema financeiro, os lucros bancários subiram de R$5,560 bilhões para R$8,314 bilhões. O crescimento foi ainda mais forte entre as 50 maiores instituições financeiras (Banco do Brasil, Caixa Econômica, Bradesco, Itaú, entre elas), que passaram de um lucro total de R$4,043 bilhões nos primeiros três meses de 2004 para R$6,216 bilhões neste ano. A melhora no resultado veio principalmente do crédito e de tarifas com serviços.

O diretor da consultoria Austin Rating, Erivelto Rodrigues, disse que as receitas dos bancos estão crescendo em ritmo mais acelerado nas operações de crédito a pessoas físicas e pequenas empresas, onde os juros cobrados são mais altos do que para grandes companhias. Segundo ele, as instituições financeiras ganham hoje mais com empréstimo, tendo menor participação dos juros da dívida pública em seu resultado.

Receita de crédito de R$35 bi e R$18 bi com título público

A receita com crédito e leasing subiu 24,15% no primeiro trimestre chegou a R$35,501 bilhões. Em títulos públicos e privados, a expansão foi de 6,16%, para R$18,798 bilhões.

¿ O crescimento da economia em 2004 foi muito positivo para o crédito, mesmo com a alta de juros pelo Banco Central, desde setembro passado. Isso não conteve o aumento do crédito ¿ disse.

Segundo ele, a receita de tarifas por serviços tem um papel fundamental para cobrir os custos dos bancos. Em 1994, por exemplo, as tarifas pagavam 40% dos custos com funcionários. O restante da despesas era coberto com as aplicações financeiras beneficiadas pela alta inflação do período. No primeiro trimestre de 2005, as mesmas tarifas correspondiam a 112% do gasto com pessoal. Elas cresceram 25,37% no primeiro trimestre deste ano, subindo de R$7,877 bilhões para R$9,876 bilhões. Nos primeiros três meses de 2004, a relação tarifas por despesa com pessoal estava em 99,96%.

Enquanto os ganhos com tarifas aumentaram 25,37%, a despesa com pessoal subiu apenas 11,47%. A elevação foi de R$7,880 bilhões para R$8,784 bilhões no primeiro trimestre de 2005.

¿ Os serviços representavam 4% das receitas das instituições financeiras em 1994 e hoje já correspondem a 15% ¿ disse Rodrigues.

Em ativos, BB mantém liderança, seguido por CEF

Neste cenário, os bancos registraram um aumento de 11,35% em seus ativos totais. subindo de R$1,375 bilhão em março de 2004 para R$1,531 bilhão em igual mês deste ano. A maior parte deste crescimento veio de operações de crédito, que cresceram 18,51%, chegando a R$494,071 bilhões em março de 2005. As operações com títulos públicos e privados (incluindo derivativos no mercado futuro) alcançaram R$407,312 bilhões, ou 11,79% a mais do que os R$364,339 bilhões do mesmo período do ano passado.

O ranking com os dez maiores bancos em ativos ficou inalterado. O Banco do Brasil continua em primeiro (R$245,685 bilhões), seguido pela Caixa Econômica Federal (R$156,513 bilhões), Bradesco (R$154,801 bilhões) e Itaú (R$140,181 bilhões).