Título: Vendas no comércio sobem 7,5%
Autor: Cássia Almeida e Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 20/10/2004, Economia, p. 21

O crédito mais fácil fez as vendas do comércio registrarem alta real (descontado o efeito da inflação) de 7,53% em agosto, na comparação com o mesmo mês do ano passado. É o nono mês consecutivo de movimento maior no varejo, que acumula aumento de 9,45% no ano, segundo informou ontem o IBGE. Mesmo mantendo o crescimento nas vendas, a taxa de agosto foi quase a metade da registrada em julho, de 12,04%. E a explicação para esse recuo também pode estar no crédito, na avaliação do técnico da Coordenação de Comércio do IBGE Nilo Lopes de Macedo:

¿ Quando o crescimento das vendas é sustentado apenas no crédito, ele fica limitado pela capacidade de endividamento das famílias. O ideal é que o aumento do consumo viesse também da recuperação da renda.

A compra a prazo levou o setor de móveis e eletrodomésticos a ter alta de 29,50% nas vendas, a maior entre os oito ramos pesquisados.

Caem as vendas de tecidos, vestuário e calçados

A guia de turismo Clara Minami é uma que está ajudando a aumentar a venda de móveis. De mudança para Botafogo com a família, está procurando móveis como estantes e armários de cozinha. Endividada com as prestações do novo apartamento, ela diz que só vai adquirir ¿as peças mais básicas¿.

¿ Os preços estão meio salgados ¿ reclama Clara.

Esse endividamento está levando outros setores do comércio a ter queda nas vendas. O ramo de tecidos, vestuário e calçados, mais dependente da renda do trabalhador, apresentou queda de 0,02%:

¿ Esses ramos sofrem também com o endividamento da população. A renda fica menor para comprar esses produtos e supérfluos nos supermercados ¿ afirma Macedo.

E a pesquisa confirma isso. Em julho, o setor de hiper e supermercado crescera 10,84%. Em agosto, a alta ficou em 4,27%. Segundo Macedo, a reação no varejo começou no segundo semestre de 2003, o que dificulta ter taxas mais altas agora. (Cássia Almeida e Isabel Kopschitz)