Título: IGP-10 cai para 0,23%, a menor taxa desde agosto do ano passado
Autor: Isabel Kopschitz
Fonte: O Globo, 20/10/2004, Economia, p. 22

A inflação medida pelo Índice Geral de Preços entre os dias 11 de setembro e 10 de outubro (IGP-10) caiu para 0,23%, contra 1,25% de setembro. Essa foi a menor variação do índice desde agosto de 2003, quando ficou em 0,21%. O Índice de Preços por Atacado (IPA), que compõe o IGP e corresponde a 60% da taxa global, caiu para 0,25%, puxado por gêneros alimentícios, como soja (-5,10%), tomate (-27,20%) e ovos (-13,10%). A soja, por exemplo, conta com produção e estoque crescentes nos mercados interno e internacional.

Já o Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ¿ que pesa 30% na taxa geral ¿ caiu para -0,02%, devido à baixa de produtos como cebola (-30,36%), tomate (-18,19%) e beterraba (-27,11%). Os produtos cujos preços mais recuaram, tanto no atacado quanto no varejo, foram os de origem agrícola, devido ao clima favorável. Os dados foram divulgados ontem pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

¿ A pressão sobre a inflação está em um nível confortável, com desaceleração no atacado e no varejo ¿ diz Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV.

Núcleo da inflação está estável, diz FGV

No IPA, a desaceleração foi generalizada. No IPC, ficou concentrada em alimentação e transportes, devido à baixa nos preços do álcool (0,39%) e da gasolina (-0,90%). O recente reajuste de 4% no combustível ainda não foi captado pelo índice. Quadros estima que a variação dos preços no varejo, mesmo que não tivesse sido facilitada pelo clima favorável, não passaria de 0,40%:

¿ O núcleo da inflação está estável. Este cálculo é mais confiável, pois desprezamos as variações maiores.

Quadros ressaltou, também, a forte queda do IPA industrial ¿ de 2,10% para 0,75% ¿ com influência principal do aço, que caiu para 3,05%, voltando a patamares de preço normais, após uma grande escalada nos últimos meses. O Índice Nacional de Custo da Construção (INCC) foi o único que apresentou alta: subiu para 0,82%, devido à alta de materiais como cimento.