Título: PL E PP FORAM FIÉIS AO GOVERNO NAS VOTAÇÕES
Autor: Maria Lima
Fonte: O Globo, 07/06/2005, O País, p. 10

Partidos ajudaram o Planalto a aprovar projetos de seu interesse

BRASÍLIA. Até dezembro do ano passado, quando a base aliada ainda vivia em lua-de-mel com o governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu aprovar importantes projetos ou rejeitar propostas que considerava inoportunas para a política econômica. Foi o caso de um polêmico artigo da reforma da Previdência que determinava que os salários de governadores, de deputados estaduais e de prefeitos teriam paridade com os de juízes federais. A ajuda do PL e do PP, acusados de receber mesada do PT para ajudar o governo, foi essencial para que o Planalto derrotasse o PSDB e PFL na questão. Dos 67 parlamentares do PL presentes à sessão da Câmara em 16 de dezembro de 2004, 51 votaram com o governo; dos 35 do PP, apenas oito votaram contra o Planalto.

Com isso, o governo conseguiu impedir que os subsídios de deputados estaduais se equiparassem aos dos juízes e limitou o rendimento dos governadores a 90% do dos juízes. Foram aprovados com folga o Orçamento da União e o pedido de liberação de verbas suplementares no total de R$40 bilhões.

Mas os ventos mudaram. A primeira grande derrota do governo foi na eleição do presidente da Câmara em 15 de fevereiro deste ano, na qual o então desconhecido deputado Severino Cavalcanti (PP-PE) ganhou dos dois candidatos do PT que disputavam o cargo: Virgílio Guimarães (MG) e Luiz Eduardo Greenhalgh (SP). A votação foi secreta, mas a base já não escondia o descontentamento com o governo.

O deputado pefelista Pauderney Avelino (AM) lembra que os parlamentares alegavam estar descontentes, mas nunca se referiam ao mensalão:

¿ Começaram as queixas. Eles diziam que o governo não cumpria as promessas. Mas sem mencionar o mensalão.

A situação já tinha deteriorado. As derrotas foram se acumulando. A Câmara ficou totalmente paralisada e quando votava o resultado era, na maioria das vezes, desfavorável ao governo. Foi caso de um outro artigo da PEC da Previdência, votado em março deste ano, em que o governo saiu derrotado na tentativa de acabar com a paridade na aposentadoria dos funcionários públicos. Nesta votação, PP, PL e PTB, antes fiéis aliados do Planalto, registraram forte dissidência. Votaram contra o governo, no PP, 30 dos 34 parlamentares presentes; no PL, 15 de 27 presentes; e, no PTB, 25 dos 36 presentes.