Título: Pesquisas apontam resultados conflitantes
Autor: Helena Celestino
Fonte: O Globo, 20/10/2004, O Mundo, p. 29

O que vai acontecer no dia das eleições? Depende da pesquisa que se consultar. O presidente Bush vence o senador John Kerry por uma margem de oito pontos percentuais entre os prováveis eleitores, de acordo com a consulta Gallup/CNN/¿USA Today¿. A margem de erro era de quatro pontos.

Mas espera aí: Bush vence só por três pontos na ABC News/¿The Washington Post¿, com margem de erro de três pontos. Mais devagar: a corrida está empatada na última pesquisa ¿The New York Times¿/CBS News, e a da ¿Time¿ diz praticamente a mesma coisa.

Em 2000, 30% dos eleitores registrados não votaram

Mas embora as manchetes que elas produzem possam divergir, as descobertas reais dessas pesquisas podem nem ser tão diferentes. As diferentes conclusões refletem a forma como diferentes institutos usam as complexas fórmulas para interpretar descobertas muito semelhantes entre os chamados eleitores registrados, e tentam chegar a um resultado que acham melhor representar o que mostram as pesquisas.

As diferentes interpretações desenham uma litania de reclamações de republicanos e democratas. Alguns questionam tudo nas pesquisas, incluindo a motivação política dos pesquisadores e suas metodologias. Mas os pesquisadores, que insistem ter as melhores intenções, alegam que as diferenças em suas consultas apenas refletem as dificuldades este ano em determinar quem vai votar ¿ uma tarefa nada pequena numa época de incomum interesse entre os eleitores e altos registros de novos eleitores.

Cinco pesquisas feitas entre os dias 14 e 17, todas com margens de erro de três ou quatro pontos para mais ou para menos, mostraram a corrida empatada entre os eleitores registrados ou com Bush na frente por dois ou três pontos de média, um empate técnico.

Os pesquisadores dizem ter de olhar com cuidado os prováveis eleitores porque muitos dos registrados não aparecem para votar no dia das eleições. Em 2000, mais de 30% deles não votaram.

Novos eleitores podem fazer grande diferença, diz especialista

Tentar adivinhar o que farão os prováveis eleitores não é nada de novo. E há muitos outros fatores que podem influenciar a votação, da forma como as perguntas são feitas à data do pleito. Mas este ano está apresentando fatores novos e complicadores, do resultado apertado da corrida ao fluxo de novos eleitores.

¿ Há muitas outras coisas este ano que podem diferir das eleições anteriores, e um é esse fenômeno de quantas pessoas possivelmente se registraram ¿ disse Nancy Belden, presidente da Associação Americana de Pesquisa de Opinião Pública. ¿ Isso pode fazer uma enorme diferença.