Título: INDÚSTRIA FICOU ESTAGNADA EM ABRIL, DIZ IBGE
Autor: Cassia Almeida
Fonte: O Globo, 08/06/2005, Economia, p. 28
Nível de produção no país ficou igual ao do mês anterior, mas extração de petróleo registra crescimento de 7,4%
A indústria parou de crescer em abril. O nível da produção foi igual ao de março, de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, divulgada ontem pelo IBGE. O resultado, segundo analistas, refletiu o aperto da política monetária iniciado em setembro do ano passado, com sucessivas altas na taxa básica de juros. Mas, na comparação com abril de 2004, os sinais ainda são positivos: houve elevação de 6,3%, a 20ª alta consecutiva. No acumulado deste ano, a produção industrial cresceu 4,5% e, nos últimos 12 meses, 7,5%.
A extração de petróleo aumentou 7,4%, num dos principais impactos para sustentar a produção em abril. Segundo Silvio Sales, coordenador de Indústria do IBGE, as áreas atreladas à exportação e sensíveis ao crédito vêm conseguindo manter o crescimento:
- Os investimentos, mais dependentes do mercado interno, e os setores de bens não duráveis têm mostrado perda de dinamismo. Parece que o aperto monetário teve algum efeito nas decisões de investimento dos empresários.
O coordenador do IBGE ressalta, porém, que a estabilização da indústria se deu num patamar alto de produção, apenas 0,4% menor que o recorde registrado no ano passado.
Redução de 37,2% em máquinas agrícolas
A queda de 2,9% frente a março na produção de bens de capital, categoria que indica o investimento, foi mais localizada em máquinas agrícolas, setor prejudicado pela quebra de safra deste ano.
- Mesmo assim, a indústria geral está operando 2,2% acima do nível médio de 2004 - disse Sales.
Economista do Grupo de Conjuntura da UFRJ, Rafael Barroso calculou o avanço dos bens de capital excluindo o recuo de máquinas agrícolas de 37,2%:
- Em vez de uma alta de 3,3% frente a abril de 2004, teríamos um avanço de 8,37%.
Para o economista da UFRJ, o ano não está perdido. Deve registrar um avanço menor que o de 2004, que foi de 8,3%. Segundo Estêvão Kopschitz, economista do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), os juros devem começar a cair no segundo semestre. O instituto prevê 4,6% de alta na produção no ano.
inclui quadro: veja o desempenho da produção