Título: LONDRES SUGERE ADOTAR PONTOS DA CONSTITUIÇÃO EUROPÉIA
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Fonte: O Globo, 08/06/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 34

Polônia também pode adiar referendo sobre Carta, aumentando a crise

LONDRES. Após adiar seu referendo sobre a Carta da União Européia, o governo britânico propôs ontem que pelo menos alguns elementos da Constituição comum sejam adotados pelos 25 estados-membros, seja qual for o seu futuro. A proposta foi feita pelo ministro das Relações Exteriores, Jack Straw, a menos de um mês de o Reino Unido assumir a presidência rotativa da UE, no dia 1º de julho.

A Carta da UE levou um novo golpe ontem após a Polônia anunciar que também pode adiar seu referendo, previsto para outubro, se o futuro da Constituição não for decidido na reunião do bloco, na próxima semana. A data seria adiada até que seja solucionada a crise, causada pela rejeição nos referendos de França e Holanda.

Em Londres, Straw citou o reforço do papel dos Parlamentos nacionais como um dos elementos "em que todo mundo está de acordo". O primeiro-ministro Tony Blair disse que a Europa "não poderá funcionar convenientemente sem adotar regras para o futuro" e, entre outros elementos a serem considerados, sugeriu o fim da presidência rotativa a cada seis meses. A Carta da UE prevê que o Conselho de chefes de Estado eleja um presidente por um período de dois anos e meio. As modificações, segundo Straw, não necessitariam de mudanças nos tratados atuais.

Blair pediu ainda que os governantes evitem apresentar aos eleitores o futuro da UE como uma escolha entre o bem-estar social e uma economia de livre mercado radical.

- Precisamos de um novo e moderno modelo social para a UE - disse.

Para Londres, o futuro da Constituição européia deve ser discutido em conjunto pelos países-membros.

Em outra crise, o primeiro-ministro de Luxemburgo rebateu qualquer chance de um país da UE, que já tenha adotado o euro, deixar de usar a moeda comum.

- É inconcebível que algum país possa pensar isso - disse Jean-Claude Juncker, cujo país exerce atualmente a presidência da UE.

A declaração foi feita após alguns políticos italianos pedirem que a lira voltasse a circular.