Título: BUSH E BLAIR ESTUDAM PERDOAR DÍVIDA
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Fonte: O Globo, 08/06/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 34

Ajuda a países da África que combaterem corrupção será anunciada na cúpula do G-8

WASHINGTON. Aliados firmes na guerra, nem tanto na paz. O primeiro-ministro da Grã-Bretanha, Tony Blair, foi recebido ontem na Casa Branca pelo presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, a quem foi pedir apoio à sua iniciativa de ajuda à África. Com seu ambicioso programa para levantar entre US$25 bilhões e US$50 bilhões com a venda de títulos rejeitado por Bush na semana passada, Blair, no entanto, conseguiu a adesão dele a um plano de alívio da dívida dos países mais pobres e uma doação de US$674 milhões para combater a fome.

O plano de socorro à África está sendo acordado e será anunciado na cúpula do G-8 (os sete países mais industrializados e a Rússia) em julho na Escócia. Só os países que combaterem duramente a corrupção serão beneficiados.

- Vejo que temos uma oportunidade fantástica, presumindo-se que os países da África tomem as decisões certas. Ninguém quer dar dinheiro a um país corrupto, onde os líderes peguem o dinheiro e o botem no bolso - disse Bush.

Blair: "Há coisas que sabemos que eles não vão fazer"

Sabedor das resistências dos EUA a parte de suas propostas, Blair chegou a Washington contentando-se com receber apenas apoio parcial. Numa entrevista ao "Financial Times", o premier deixou claro que não ia pressionar Bush: "Há certas coisas que sabemos que eles não vão fazer, então não vamos pedir-lhes que façam". Entre os temas proibidos está a redução das emissões de gases-estufa.

- Acho que todos sabem que há diferentes perspectivas sobre esse assunto - reconheceu Blair.

Os US$674 milhões que Bush anunciou como ajuda aos famintos foram criticados por um funcionário da agência humanitária inglesa Oxfam, segundo o qual a África não precisa de "mais palavras de solidariedade seguidas de gestos vazios".

Legenda da foto: BLAIR E BUSH durante a entrevista coletiva na Casa Branca: promessa de Washington de apoio a plano de alívio da dívida de países pobres