Título: Deputada tucana de Goiás teria recebido proposta
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Fonte: O Globo, 09/06/2005, O País, p. 11
Episódio teria levado Perillo a falar sobre o assunto com Lula
BRASÍLIA. Surgiu na Câmara o primeiro caso de parlamentar que teria recebido oferta de dinheiro para dar apoio à base governista. A secretária de Ciência e Tecnologia de Goiás, a deputada federal Raquel Teixeira (PSDB-GO), procurou seus companheiros de partido, no fim de 2003, dizendo-se indignada com a proposta que teria recebido para mudar de partido. Em troca, Raquel teria recebido a oferta de "uma luva em dinheiro".
A história foi confirmada ontem pelo deputado Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO), na época vice-líder do partido e que foi procurado pela colega de bancada para tratar do caso.
- Ela contou ao governador (Marconi Perillo) que estava sendo assediada. Teve deputado de Goiás que mudou de partido da noite para o dia. Raquel não citou valores, mas disse que seria uma proposta tentadora - contou Leréia.
Leréia não informou quem teria sido o parlamentar responsável pelo assédio. Segundo outro deputado goiano, que também tomou conhecimento do caso, a proposta teria sido para que Raquel se transferisse para o PL.
Foi com base no relato da tucana que Perillo teria tratado do assunto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma visita do petista ao município de Rio Verde, no interior de Goiás, em maio de 2004.
Procurada pelo GLOBO, Raquel disse apenas que "as coisas têm o seu momento" e que prefere se preservar. Mas não negou ter recebido a proposta.
- Continuo no meu partido - limitou-se a responder.
Surgiram ainda pelo menos outros dois relatos, sem confirmação de deputados, envolvendo um parlamentar de Goiás e um do Rio, que teriam recebido propostas similares.
Líder do PL diz que desconhece propostas
O líder do PL na Câmara, Sandro Mabel (GO), disse que desconhece qualquer proposta financeira para levar deputados para o seu partido. Segundo Mabel, em 2004 o PL rejeitou 15 filiações porque havia estabelecido a meta de ter em cada estado apenas 10% do número total de parlamentares.
- O PL tem uma força muito grande. Temos o vice-presidente (José Alencar), o Ministério dos Transportes e uma estrutura de partido. Por isso, não precisamos pagar a ninguém. Não temos de gastar dinheiro ou de ter mesada.
Dirigentes de partidos com bancadas que foram diminuindo desde o começo desta legislatura se queixam do assédio de partidos como PP, PL e PTB. O PDT é um exemplo:
- Elegemos 21 deputados federais. Perdemos dez no primeiro mês. Boa parte deles para o próprio PTB. E todo mundo que saiu do PDT e foi para o PTB o fez depois de conversar com o (José) Dirceu (chefe da Casa Civil) - afirmou ontem o presidente do PDT, Carlos Lupi.