Título: Fiesp: crise não pode contaminar a economia
Autor: Enio Vieira e Eliane Oliveira
Fonte: O Globo, 09/06/2005, O País, p. 14

'A classe empresarial não vai admitir que outras pessoas queiram tirar proveito político dessa situação', diz Skaf

BRASÍLIA. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, saiu ontem em defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pediu ponderação aos parlamentares para que a crise política não contamine a economia brasileira. Skaf disse que os empresários estão extremamente preocupados com a possibilidade de contágio e afirmou que considera uma irresponsabilidade e um desrespeito se falar em impeachment do presidente da República, como alguns poucos políticos da oposição chegaram a falar.

- A classe empresarial não vai aceitar o acobertamento de irregularidades e também não vai admitir que outras pessoas queiram tirar proveito político dessa situação. Tem que haver punição dos responsáveis e não aceito desrespeito ao Executivo - afirmou o presidente da Fiesp, que participou de entrega, no Congresso, do anteprojeto da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

Paulo Skaf destacou que, de acordo com o IBGE, o Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2005 já mostrou uma retração na indústria. Agora, acrescentou, aumenta a instabilidade na área política, cenário que deixa em estado de alerta o empresariado brasileiro.

Furlan: "Estamos trabalhando"

Já o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, afirmou ontem que a crise política não está afetando a agenda econômica. Segundo ele, a garantia se aplica, principalmente, aos novos investimentos.

- A crise política não tem afetado em nada. Estamos trabalhando do mesmo jeito - disse o ministro.

Bem-humorado, Furlan chegou a fazer várias brincadeiras, ao falar sobre inovação industrial a uma platéia de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), em solenidade no Palácio do Planalto. Uma delas foi quando o presidente do Ipea, Glauco Arbix, elogiou a gravata do ministro.

- Que gravata chique, ministro - comentou Arbix.

- Foi um presente. Salário de ministro não dá para comprar gravata - afirmou, provocando risos em seus interlocutores.

O ministro Luiz Fernando Furlan contou ter conversado ainda ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de o Brasil expandir o universo de empresas que investem em inovação tecnológica.

- O presidente Lula sempre diz que precisamos nos tornar um país desenvolvido, e isso passa pela inovação - disse o ministro.

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