Título: IGP-DI REGISTROU DEFLAÇÃO DE 0,25% EM MAIO
Autor: Flávia Oliveira
Fonte: O Globo, 09/06/2005, Economia, p. 31

Queda no atacado fez índice ter o menor resultado desde junho de 2003. Preços ao consumidor subiram 0,79%

Desde junho de 2003 o Índice Geral de Preços (IGP-DI) não apresentava um resultado tão baixo. No mês passado, a taxa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) apresentou variação negativa de 0,25%, depois de subir 0,51% em abril. A deflação foi resultado da queda generalizada dos preços no atacado, o que sugere tendência de desaceleração também nos índices ao consumidor. Mas não foi o que ocorreu em maio: enquanto o Índice de Preços por Atacado (IPA-DI) caiu 0,98%, o Índice de Preços ao Consumidor (IPC-DIA) subiu 0,79%. Na semana passada, o IGP-M de maio, também da FGV, já apresentara deflação de 0,22%.

Nos últimos 12 meses, o IGP-DI teve alta de 8,36%, variação que deve reajustar as tarifas de telefonia no próximo mês.

- O IPA mostra um futuro com potencial cada vez melhor em relação à queda da inflação, mas ainda não há sinais convincentes desta desaceleração nos preços ao consumidor. A queda do IPA foi generalizada, enquanto a do IPC ainda está nas bordas - diz Salomão Quadros, coordenador de Análises Econômicas da FGV.

Entre abril e maio, o IPA-DI (que pesa 60% no IGP) saiu de +0,33% para -0,98%. Já o IPC-DI caiu de +0,88% para +0,79%, basicamente em razão da redução nos preços dos combustíveis e dos alimentos. Todos os demais cinco grupos de preços tiveram no mês passado resultados mais altos que em abril.

Núcleo do IPC-DI teve o maior resultado desde 2003

Pior: o núcleo da inflação ao consumidor alcançou em maio o maior nível desde junho de 2003. Excluindo-se as maiores variações, o núcleo passou de 0,65% para 0,73% entre um mês e outro. Para Salomão, este é, sem dúvida, um indício de resistência. Mas que pode ser superado ainda este mês.

Opinião parecida tem o economista Marco Antonio Franklin, sócio da Plenus Gestão de Recursos. Ele acredita que os índices de inflação de junho trarão resultados muito baixos - prevê IPCA, taxa que é referência para as metas, entre 0,1% e 0,2%), refletindo finalmente a queda nos preços do atacado, que começou dois meses atrás.

- As coletas deste início de mês mostram uma desaceleração muito forte dos preços no varejo. Os alimentos estão em queda e a redução dos impostos sobre medicamentos também já se reflete nos preços. Se isso se mantiver ao longo do mês, a inflação de junho será muito baixa, porque não há pressão de tarifas - diz.

Otimista, Franklin já prevê que na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), semana que vem, o Banco Central (BC) vai parar de subir os juros básicos, interrompendo uma trajetória iniciada em setembro de 2004. E, ainda no terceiro trimestre de 2005, provavelmente em setembro, daria início à redução da Selic.

Salomão, por sua vez, afirma que a decisão sobre a política monetária vai depender do peso que o BC atribui à tendência e aos fatos. A tendência de inflação, ratifica, é de queda. Mas os índices disponíveis até agora ainda mostram uma resistência dos preços.

Preço do álcool caiu tanto no atacado quanto no varejo

Em maio, os produtos que mais contribuíram para a queda da inflação, tanto no atacado quanto no varejo, foram os alimentos e os combustíveis. No IPA, os preços da carne bovina caíram 4,07%; da suína, -15,1%; do óleo de soja, -8,64%; e do álcool hidratado, -7,22%. No IPC, os destaques de queda foram o álcool combustível (-3,38%), o mamão papaya (-17,9%), a manga (-5,36%) e a pescada branca (-10,23%).

O Índice Nacional do Custo da Construção (INCC-DI) - que pesa 10% no IGP-DI - passou de 0,72% para 2,09% entre abril e maio por causa de reajustes salariais.

inclui quadro: confira a queda da taxa