Título: G-4 CEDE EM PROPOSTA DE RESOLUÇÃO DA ONU
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Fonte: O Globo, 09/06/2005, O Mundo / Ciencia e Vida, p. 39

Países decidem abrir mão de direito a veto caso sejam aceitos no Conselho de Segurança

NOVA YORK e PEQUIM. Candidatos a uma vaga de membro permanente no Conselho de Segurança da ONU, Brasil, Alemanha, Índia e Japão renunciaram à aspiração de direito a veto durante pelo menos 15 anos a partir de seu eventual ingresso no conselho, principal órgão executivo das Nações Unidas. Os quatro países - que formam o Grupo dos Quatro (G-4) - divulgaram ontem uma emenda a seu projeto de resolução.

O projeto mantém a proposta de o conselho ganhar seis membros permanentes - os integrantes do G-4 e dois países africanos - e quatro rotativos. Embora abra mão do direito a veto, diz que "os novos membros deverão ter as mesmas responsabilidades e obrigações dos atuais membros permanentes". Os quatro países querem que a ONU aprove este mês o projeto. A França disse que o apóia.

O Conselho de Segurança tem atualmente cinco membros permanentes - China, EUA, França, Reino Unido e Rússia - e dez rotativos. Passaria, portanto, de um total de 15 integrantes para 25. O Reino Unido apóia o ingresso de Alemanha, Japão, Índia e Brasil. A China se opõe ao ingresso do Japão e a posição da Rússia não é clara. Os EUA só se manifestaram em favor do Japão.

A nova proposta de resolução circulou ontem entre os 191 membros da Assembléia-Geral da ONU. Para entrar em vigor, precisa de aprovação de um terço dos países. Diplomatas especularam que o G-4 tem o apoio de cem países e precisa de mais 30.

China nega ter rejeitado acesso de países do G-4

O esforço do G-4 coincide com a disposição do secretário-geral da ONU, Kofi Annan, de realizar reformas na organização. O Conselho de Segurança decide guerras, sanções e operações de paz.

Diante do mal estar causado no Brasil e na Índia pela declaração do embaixador chinês na ONU, Wang Guangya, de que seu país não aceitaria a entrada do G-4 no Conselho de Segurança, Pequim divulgou ontem um documento em que nega a rejeição. No documento, o governo chinês deixa claro que sua preocupação com a ampliação do conselho não inclui os países em desenvolvimento - Brasil e índia. Sem citar nomes, afirma, pelo contrário, que considera prioritária a entrada das nações em desenvolvimento.

O documento diz: "A reforma do Conselho de Segurança será multifacetada e incluirá itens importantes, como o aumento do número de membros do conselho, o aumento da eficiência e o aperfeiçoamento dos métodos de trabalho. A elevação da representatividade dos países em desenvolvimento deve ser prioritária. Países em desenvolvimento, que representam mais de dois terços dos membros da ONU, estão seriamente sub-representados no Conselho de Segurança. Esta situação tem que ser mudada."

COLABOROU Gilberto Scofield Jr., de Pequim