Título: DÓLAR SE APROXIMA DOS R$ 2,50 E BOLSA JÁ ACUMULA QUEDA DE 8,09% NA SEMANA
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 10/06/2005, Economia, p. 26
Crise política e depoimento de Alan Greenspan pressionaram o mercado
RIO e WASHINGTON. O mercado financeiro brasileiro teve ontem o quarto dia seguido de perdas e fortes oscilações, desde a divulgação das acusações do deputado Roberto Jefferson sobre um suposto esquema de pagamento pelo PT de mesadas a deputados da base aliada em troca de apoio. A proximidade do fim de semana e o depoimento do presidente do banco central americano - que acenou com a possibilidade de novas altas nas taxas de juros nos EUA - reforçaram a cautela dos investidores. O dólar subiu 1,42%, para R$2,497 - desde segunda-feira, a moeda acumula valorização de 2,88%.
O risco-Brasil avançou mais 0,91% ontem, para 445 pontos, e o Global 40 (título brasileiro mais negociado no exterior) caiu 0,37%, cotado a 116,75% do valor de face. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou o quinto pregão seguido em baixa: 0,88%. Na semana, as perdas chegam a 8,09%. Os contratos de juros tiveram forte alta no mercado futuro: nos mais negociados, com vencimento em julho de 2007, as taxas saltaram de 18,01% para 18,25% ao ano.
- Os investidores evitam fazer novos negócios e reduzem aplicações com a proximidade do fim de semana, quando novas denúncias de corrupção no governo podem ser publicadas na imprensa. Além disso, se os juros continuarem a subir nos EUA, pode haver uma retração no fluxo de recursos para emergentes, o que tende a pressionar o câmbio e impactar negativamente a Bolsa e os títulos da dívida - explica Luís Forbes, diretor de Mercados Emergentes da López León.
O mercado americano foi influenciado ontem pelo depoimento do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Alan Greenspan, no Congresso. Ele disse que a economia tem bases sólidas e que os juros devem continuar em ritmo moderado de alta:
- Apesar de alguns riscos que ressaltei, a economia dos Estados Unidos parece estar em uma base razoavelmente firme, e a inflação subjacente permanece contida.
Ele mostrou otimismo, afirmando que os recentes dados fracos não apontam uma desaceleração da economia.
(*) Com agências internacionais
inclui quadro: o mercado ontem