Título: NÚMERO DE MILIONÁRIOS NO BRASIL CRESCE 7,1%
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 10/06/2005, Economia, p. 27
Estudo mostra que país tem 98 mil pessoas com mais de US$1 milhão investido. Expansão mundial foi de 8,2%
O número de milionários no Brasil cresceu 7,1% em 2004 e a concentração de riqueza no país está entre as mais elevadas do mundo. Os dados estão na nona edição do Relatório Mundial da Riqueza, divulgado ontem pelo banco de investimentos Merrill Lynch e pela consultoria Capgemini. A taxa de crescimento dos milionários brasileiros é superior à registrada no ano passado por outras economias emergentes, como China (4,3%) e Rússia (4,2%), mas metade da apurada na Índia (14,6%). Em 2003, o número de milionários brasileiros havia crescido 6%. Pelo estudo, havia, em 2004, 98 mil milionários no Brasil - o que corresponde a 0,05% da população. Em 2003, eles eram 92 mil. As instituições levaram em consideração pessoas com investimentos superiores a US$1 milhão (cerca de R$2,5 milhões) no mercado financeiro.
A concentração de riqueza no Brasil está entre as mais altas do mundo. Enquanto nos Estados Unidos e na Europa essa taxa se situa em 1,2% e 0,8%, no Brasil, chega a 2,3%.
A riqueza global cresceu fortemente pelo segundo ano consecutivo: 8,2%, para US$30,8 trilhões, de acordo com dados do estudo. E o número de milionários aumentou 7,3%, para 8,3 milhões de pessoas - foram 600 mil novos milionários em todo o mundo em 2004.
"Os dois maiores estímulos à criação de riqueza pessoal, que são expansão econômica e capitalização de mercado, trabalharam juntos para gerar o maior crescimento em fortuna global já registrado em mais de três anos", afirmou James Gorman, vice-presidente executivo do Merrill Lynch.
Emergentes cresceram como força econômica
O estudo destaca que as economias emergentes - Brasil, Rússia, Índia e China - continuaram a crescer como "força econômica, criando riqueza nesse processo". Hoje, respondem por 41% do total da população mundial e 8% do Produto Interno Bruto (PIB) de todo o planeta.
"Essas economias são importantes devido ao seu tamanho e ao acelerado ritmo de crescimento econômico. O banco de investimentos Goldman Sachs estima que as receitas desses países superarão as do G-7 até 2040. Essas nações têm vasta área geográfica e são ricas em recursos, com um crescimento alimentado por vastos fluxos de investimento estrangeiro. E, à medida que perseguem uma ambiciosa agenda de reformas, estão rapidamente se transformando em potências econômicas regionais", diz o estudo.
Segundo Petrina Dolby, vice-presidente da área de Gestão de Riqueza Global da consultoria Capgemini, o Brasil foi o maior responsável pelo avanço dos milionários na América Latina. Eles cresceram 6,3% em 2004, bem acima do 1,3% registrado em 2003. A riqueza acumulada avançou 7,9% na região, o dobro do registrado na Europa (3,7%).
- Como antes, houve uma elevada concentração de riqueza. E foram as políticas monetária e fiscal que levaram à expansão dos milionários brasileiros - avalia Dolby.
"Os três pilares do seu programa econômico - taxa de câmbio flutuante, regime de metas de inflação e austera política fiscal - permitiram que o Brasil superasse metas fiscais e reduzisse o endividamento do governo em 2004", destaca o estudo.
De acordo com a executiva, os milionários brasileiros ganharam dinheiro na Bolsa de Valores e no investimento em títulos do governo. Em todo o mundo, esta foi a estratégia adotada pelos milionários para ganhar dinheiro. Pelo estudo, do total investido, 34% foram aplicados em Bolsa no ano passado, ante 35% em 2003.
Em 2005, estimativas de crescimento menor
A pesquisa mostra que a mais alta taxa de crescimento de riquezas individuais foi registrada na América do Norte (9,7%). Em segundo lugar fica o Oriente Médio (9,5%) e em terceiro, a Europa (4,1%).
O Brasil tem o dobro da taxa de poupança dos EUA: 24,5%, ante 11,6%. O número está em linha com o da Índia (27,2%), mas bem abaixo dos de China (47,5%) e Rússia (35,8%).
Para este ano, a expectativa é de queda no crescimento global, devido ao aumento dos juros globais e da pressão inflacionária, que devem afetar o valor dos ativos financeiros. As estimativas são de expansão anual de 6,5% nos próximos cinco anos, alcançando US$42,2 trilhões em 2009. O estudo foi realizado em 68 países responsáveis por 98% da renda mundial e 99% da capitalização de mercado global.
inclui quadro: os dados da pesquisa / concentração de riqueza