Título: ESCOLHA DE CARGOS DEVERÁ SER NO VOTO
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 11/06/2005, O País, p. 5

Impasse entre governo e oposição na indicação dos nomes persiste

BRASÍLIA. Tudo indica que a escolha do presidente e do relator da CPI dos Correios será decidida mesmo no voto na próxima terça-feira, dando prosseguimento à batalha entre governo e oposição. O líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP), admitiu ontem que estão difíceis as negociações com tucanos e pefelistas. Governo e oposição querem indicar os nomes para presidência e relatoria para ter mais controle sobre a CPI.

O pretendido acordo esbarra na posição do PFL, que não abre mão de indicar o senador César Borges (BA) para relator ou presidente da CPI. Os governistas apresentaram nomes alternativos ao do pefelista Edison Lobão (MA), que recusou: Sérgio Guerra (PE) e Siqueira Campos (TO) e o do deputado Gustavo Fruet (PR), todos do PSDB.

- Meu sentimento é o de que a oposição está dividida, o que poderá dificultar um acordo até a próxima terça-feira - observou Mercadante.

Essa divisão teria começado na votação do parecer do deputado Inaldo Leitão (PL-PB) na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara que restringiu as investigações da CPI dos Correios, em que o PFL ficou isolado na tentativa de obstruir a apreciação da matéria. Agora, mais uma vez, o PSDB estaria se mostrando mais flexível ao admitir negociar com o governo um nome da oposição para um dos cargos chaves da CPI.

Os representantes da base aliada argumentam que gostariam de alguém mais neutro, menos identificado com o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), adiantou que seu partido continuará marchando junto com o PFL:

- O PFL não abre mão da indicação do senador César Borges e a posição do PSDB é solidária aos nossos aliados.

Com maioria folgada, já que controla 19 dos 32 votos da CPI, o governo não deverá ter dificuldades para eleger o presidente e o relator da comissão. Se não houver acordo com a oposição, o senador Delcídio Amaral (PT-MS) deverá ser confirmado na presidência e o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) na relatoria.

COLABORARAM: Isabel Braga e Maria Lima