Título: Crise pode adiar eleições para direção do PT
Autor: Cristiane Jungblut e Flávio Freire
Fonte: O Globo, 11/06/2005, O País, p. 8

Segundo Jaques Wagner, a proposta pode evitar uma guerra interna: 'Seria uma demonstração de maturidade'

BRASÍLIA e SÃO PAULO Diante da crise política, cresce entre petistas do governo o apoio ao adiamento das eleições gerais para a direção do partido, marcadas para setembro. O temor é que as acusações acirrem as divergências entre as diferentes correntes do partido, provocando uma guerra em setembro. O ministro da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Social, Jaques Wagner, disse que o PED (Processo de Eleição Direta) deveria ser adiado como demonstração de maturidade partidária.

Para ele, o PT deve ter a máxima unidade agora. Wagner argumenta que está clara uma tentativa da oposição de desestabilizar o PT. O presidente do partido, José Genoino, que tentará a reeleição, é um dos petistas mais expostos nesta crise. Wagner considera que a oposição está sendo habilidosa na tática de ferir o PT:

- Tenho conversado com alguns companheiros e acho que adiar a eleição interna seria uma demonstração de maturidade partidária - disse o ministro, que já conversou sobre o assunto com ministros como Tarso Genro (Educação) e José Fritsch (Aquicultura e Pesca).

Tarso Genro disse ontem que ainda não tem uma posição fechada a respeito da proposta, mas que é preciso avaliar se o PED não perderá suas características e se será contaminado pela crise:

- Não tenho opinião fechada, mas não me oporia a essa idéia. Se existe um perigo de que o PED perca as características em função da crise, talvez se avalie e se possa concluir com um adiamento ou transformação da eleição num congresso do partido, num debate nacional partidário.

Genoino: petistas autorizam cobrança do dízimo

Genoino disse ontem que o partido não será atingido pela decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) de acabar com a cobrança dos dízimos porque, segundo ele, o partido não desconta contribuições diretamente das folhas de pagamentos dos funcionários de livre contratação. Genoino afirmou que os servidores ligados ao PT recebem o salário e fazem a autorização para desconto da contribuição via agência bancária ou diretamente ao partido.

- Nenhum funcionário de carreira, funcionário concursado ou funcionário do Estado contribuem (com desconto na folha) para o PT - disse ele, que emendou:

- Vamos continuar defendendo que a manutenção e o fortalecimento do partido se dêem por meio de contribuições voluntárias.

O petista afirmou que há 2.499 funcionários ligados ao PT que ocupam cargos públicos. Genoino defendeu a realização de uma campanha interna para incentivar filiados a contribuírem com o partido e minimizou a decisão do TSE.

O deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ) disse que outros partidos cobram contribuições de seus filiados, mas o fato de o PT ter assumido o governo federal trouxe à tona o debate sobre o tema.