Título: Literatura brasileira, capital espanhol
Autor: Mànya Millen e Rachel Bertol
Fonte: O Globo, 11/06/2005, Economia, p. 25

Grupo Prisa, dono do jornal 'El País', compra 75% da editora Objetiva

O gigante espanhol de comunicação Prisa - dono do jornal "El País" - anunciou ontem em Madri a compra de 75% da editora Objetiva por R$20,387 milhões. O negócio foi realizado pela Santillana Ediciones Generales, divisão de livros do grupo, que já controla as editoras brasileiras Moderna e Salamandra. Fundada em 1991, a Objetiva é uma das principais editoras do Brasil, responsável pela publicação de aproximadamente 75 títulos por ano, entre os quais o dicionário Houaiss. Por isso, a operação suscita dúvidas sobre uma possível desnacionalização do setor no futuro.

Roberto Feith, fundador da Objetiva, manterá parte das ações e continuará como diretor-geral da editora. Segundo Francisco Cuadrado Pérez, diretor-geral internacional da Santillana Ediciones Generales, a Objetiva foi escolhida por seu papel de destaque no mercado editorial brasileiro, a fim de ampliar a presença do grupo espanhol na América Latina:

- Era importante para nós que a editora em questão fosse controlada por um editor. Alguém que tivesse o perfil de cuidar dos livros com capricho, com qualidade.

Segundo o economista Fábio Sá Earp, especializado no mercado editorial, a venda de editoras brasileiras a grupos estrangeiros abre a polêmica questão da desnacionalização de um setor que divulga a cultura:

- Esta é uma questão polêmica também na Europa. É saudável a compra, isso acontece em todo lugar, mas não dá para ficar muito tranqüilo e dizer que não há problema algum. A longo prazo, é um processo que pode ir longe demais.

Para Feith, aliar-se a uma gigante internacional do setor foi um passo bem pensado na estratégia de crescer e disputar a liderança do mercado. E afirma que essa parceria reflete o que já vem acontecendo no mundo:

- Esse processo de consolidação é global e atinge todas as editoras.

O catálogo da Objetiva tem nomes de peso, como Luís Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Moacir Scliar, entre outros. Segundo Andrés Cardó, diretor-geral da editora Moderna-Santillana, com isso a Santillana completa a incursão iniciada em 2001 na área de educação, com a compra da Moderna (didáticos) e da Salamandra (literatura infanto-juvenil).

(*) Com agências internacionais

INCLUI QUADRO: QUEM SÃO AS COMPANHIAS