Título: ARGENTINA FAZ APERTO FISCAL DE US$ 3 BI
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Fonte: O Globo, 13/06/2005, Economia, p. 16

BUENOS AIRES. O secretário da Fazenda da Argentina, Carlos Mosse, anunciou ontem que o país consolidou um esforço fiscal de US$3,1 bilhões de janeiro a maio deste ano (63,4% do objetivo para 2005), o que deixaria US$1,79 bilhão para o cumprimento da meta anual. O balanço fiscal, junto com o cumprimento das metas monetárias, faz parte da revisão que o Fundo Monetário Internacional (FMI) fará da economia argentina, em sua reunião no dia 20.

O diretor do FMI, Rodrigo Rato, no entanto, afirmou que o governo do presidente Néstor Kirchner ainda não solicitou a inclusão do país em nenhum programa do Fundo. Analistas argentinos concordam que será difícil que o governo negocie um novo acordo antes das eleições legislativas marcadas para 23 de outubro, já que a campanha tem sido marcada pela dura retórica anti-FMI de Kirchner.

Este ano, a Argentina deve enfrentar vencimentos de US$8,3 bilhões da dívida. No entanto, faltam US$3,7 bilhões para cobrir esse gasto, o que torna plausível que, depois da campanha eleitoral, o país comece a negociar com o Fundo o quanto antes. O país acaba de reestruturar quase 80% de sua dívida em moratória, calculada em US$81,8 bilhões, mas ainda está sob pressão do FMI e da banca internacional, que desejam reabrir as negociações para os detentores de bônus que não aceitaram as condições de pagamento oferecidas pelo governo argentino.

Essa possibilidade, no entanto, está descartada pelos argentinos. É o que garantiu neste fim de semana o secretário argentino de Finanças, Guillermo Nielsen, afirmando que a troca da dívida local "está resolvida" e que os que ficaram de fora da reestruturação devem "deixar o tempo passar".

- Pode não ser a opinião do FMI, mas essa batalha está encerrada - disse Nielsen, em entrevista ao jornal argentino "Página 12", lembrando o nível de adesão de 76% dos credores à proposta de reestruturação da dívida do país.

Secretário reconhece necessidade de novo acordo

O último acordo argentino com o FMI foi suspenso em setembro de 2003. Nielsen reconhece que "um novo acordo com o Fundo é necessário". Segundo ele, seria "ingênuo desconhecer a qualidade dos organismos internacionais como credores privilegiados, pois seria uma incompreensão de como funciona a ordem econômica mundial".