Título: RENAN DIZ QUE PODE INSTALAR CPI DO MENSALÃO
Autor: Isabel Braga e Gerson Camarotti
Fonte: O Globo, 14/06/2005, O País, p. 8

'É hora de investigar, de dar respostas. Nada substitui a investigação'

SÃO PAULO. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse ontem estar disposto a instalar quantas CPIs forem necessárias para investigar as denúncias das últimas semanas. Ele afirmou que dará à CPI do Mensalão o mesmo encaminhamento que deu à dos Correios.

- Se tiver fato determinado, número mínimo de assinaturas e prazo determinado para investigar, vou mandar ler, estabelecer um prazo para que os líderes façam as indicações e, se não quiserem, vou indicar - disse Renan, confirmando que poderá instalar a CPI do Mensalão se os "os preceitos constitucionais" forem atendidos.

Ele disse não concordar com a análise de que CPIs podem paralisar o Congresso.

- É hora de investigar, de dar as respostas. Nada substitui a investigação. Defendo que tenhamos uma agenda para o Brasil, mas não uma agenda do governo, do Congresso, e sim uma agenda da sociedade, que pela inércia política não anda. Este é o conselho que eu daria ao presidente Lula. Não reforma ministerial.

Até CPI dos Bingos pode funcionar, diz Renan

Renan disse também que até a CPI dos Bingos pode funcionar. Ele informou que, caso o Supremo Tribunal Federal (STF) determine, ele indicará os membros da CPI dos Bingos aprovada no ano passado e que foi arquivada porque os partidos não indicaram os participantes. Por enquanto, segundo Renan, quatro ministros do STF votaram.

- Se a decisão for para que o presidente do Congresso indique os participantes, vou indicar - resumiu Renan, num almoço na Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomércio).

Depois, em ato pelo desarmamento, também em São Paulo, o presidente do Senado disse ser favorável à votação da reforma política fatiada e defendeu o fim a verticalização já para as eleições do ano que vem.

- Terá que ser uma reforma sistêmica, profunda, mas para contornar a aprovação é preciso que seja por partes - disse.

Segundo ele, é possível aprovar para as eleições de 2006 o fim da verticalização (regra que obriga os partidos a repetir nos estados as coligações feitas para concorrer à Presidência), regras mais rígidas de fidelidade partidária e a criação de federações partidárias que permitam às pequenas siglas contornar a cláusula de barreira. Mudanças mais profundas, como o financiamento público de campanhas, ficariam para 2008.