Título: AÉCIO: 'PT NÃO SE PREPAROU PARA EXERCER O PODER'
Autor: Soraya Aggege
Fonte: O Globo, 14/06/2005, O País, p. 9

Governador diz que PSDB aceita dialogar sobre reforma política

SÃO PAULO. Embora tenha afirmado que sempre defendeu o entendimento entre seu partido, o PSDB, e o PT do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador Aécio Neves, de Minas Gerais, criticou ontem em São Paulo a forma de governar dos petistas. Segundo ele, o PT não se preparou para o exercício do poder.

- O PT não se preparou, talvez como muitos acharam que ele estava preparado, para o exercício do poder. Acho que no momento em que o PT privilegia apenas os seus quadros, a solidariedade aos companheiros de luta como critério para montagem do governo, na verdade desqualifica o governo do ponto de vista gerencial - criticou Aécio, que participou na capital paulista do Fórum de Debates da Associação de Dirigentes de Vendas e Marketing do Brasil (ADVB).

De acordo com o governador, seu partido "está sempre à disposição das forças majoritárias, do governo federal, para a construção da agenda positiva" que, para ele, deve ser composta pelas reformas política e tributária. Aécio garantiu que, se depender dele, o PSDB aceita o convite para dialogar com o governo e promover a reforma política:

- No que depender da minha ação, o PSDB aceita esse convite para estabelecer uma cronologia, um cronograma de votação dessa matéria.

"O PT deve pôr em prática o discurso pró-reforma"

Na opinião de Aécio, a reforma política pode ser a grande ação do atual governo. Aécio defendeu que a reforma deve ser construída com uma agenda na qual constem os pontos mais consensuais, como fidelidade partidária, financiamento público das campanhas e o voto distrital misto; e outros mais polêmicos, como a manutenção das cláusulas de barreira e a lista fechada.

- Essas mudanças constroem um arcabouço, um núcleo de uma reforma que poderia ter o nosso apoio. Agora, é muito importante que o PT transfira para a prática o discurso a favor da reforma. Ele (o PT) terá que contrariar interesses de partidos políticos que hoje dão apoio - disse.

Falando da proximidade entre PT e PSDB, Aécio lembrou que sempre defendeu o diálogo de alto nível entre petistas e tucanos e que isso, na sua avaliação, poderá acontecer na discussão da reforma política.

- Sempre defendi uma conversa em alto nível entre o PT, o PSDB e outras forças políticas na construção dessa agenda, desse projeto de país. Isso pode acontecer agora. É importante que ocorra após 2006. Eu sempre disse que o pós-2006 era um ambiente saudável para a construção de uma aliança governamental, de um projeto de país do qual poderia participar o PT, o PSDB e outras forças.