Título: PREÇOS DO PETRÓLEO TÊM ALTA DE 4%
Autor: Mônica Tavares
Fonte: O Globo, 14/06/2005, Economia, p. 21

Para analistas, produção maior da Opep não resolverá gargalo do refino

NOVA YORK, LONDRES e VIENA. Os preços do petróleo subiram 4% ontem, às vésperas de uma reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), com os operadores de mercado especulando que as refinarias americanas não vão atender à crescente demanda por diesel. A Opep deve anunciar amanhã, em Viena, uma alta em sua quota oficial de produção, mas analistas não acreditam em recuo dos preços.

Em Londres, o barril do tipo Brent teve alta de 4%, para US$54,78. Na Bolsa Mercantil de Nova York, o barril do cru leve subiu 3,88%, para US$55,62, depois de atingir US$55,80.

Esse movimento acompanhou a alta nos mercados futuros de óleo de calefação e diesel. Os operadores temem que o aumento na demanda por diesel nos EUA - de 6% nas últimas quatro semanas frente ao mesmo período de 2004 - acabe reduzindo os estoques de destilados antes do inverno no Hemisfério Norte.

Na Alemanha, a demanda também cresceu: as vendas de óleo de calefação subiram 50% em maio frente ao mesmo mês de 2004, enquanto a venda total de derivados de petróleo cresceu 13% no período.

Os operadores do mercado acreditam que as refinarias não estão suficientemente aparelhadas para que o refino acompanhe essa alta na demanda. Por isso, a prometida alta de meio milhão de barris por dia na produção da Opep não deve ter efeito nos preços do petróleo. Até porque, na prática, os membros do cartel produzem acima da quota oficial, hoje de 27,5 milhões de barris por dia.

- Estamos prontos para elevar a produção - disse o ministro do Petróleo saudita, Ali al-Naimi. - Mas onde estão os consumidores? Vocês sabem e eu sei que o que está puxando os preços não é a oferta. É a falta de capacidade de refino.