Título: BRASIL E ARGENTINA AINDA SEM ACORDO
Autor: Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 14/06/2005, Economia, p. 21
Palocci e Lavagna não chegam a entendimento sobre comércio exterior
BUENOS AIRES. A uma semana da Cúpula de Presidentes do Mercosul - que será realizada dia 20, no Paraguai - os ministros da Fazenda do Brasil, Antonio Palocci, e da Argentina, Roberto Lavagna, não conseguiram chegar a um acordo para equilibrar o comércio entre os dois países. Ontem, Palocci fez uma rápida visita a Buenos Aires e foi recebido pelo presidente Néstor Kirchner. Segundo fontes do governo argentino, no encontro, do qual também participou Lavagna, o ministro admitiu a necessidade de criar mecanismos para tratar das assimetrias comerciais. No entanto, ao contrário do que esperavam os argentinos, não houve entendimento.
- Estamos dialogando. Os modelos estão evoluindo e tenho certeza de que chegaremos a uma equação positiva. Sou otimista - disse Palocci, após encontrar Lavagna e o ministro da Economia da Venezuela, Nelson Merentes.
Embora o governo argentino tenha defendido a incorporação de salvaguardas ao Mercosul, ontem Lavagna assegurou que a Argentina não pretende criar barreiras ao comércio entre os países do bloco.
- Não se trata de barreiras e sim de crescimento equilibrado - enfatizou o ministro, que desde setembro de 2004 tenta chegar a um acordo com o Brasil, em meio à pressão dos industriais locais, que querem limitar as importações brasileiras.
Os três ministros também conversaram sobre a eleição do novo presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A escolha do sucessor do uruguaio Enrique Iglesias poderia abrir novo conflito entre Brasil e Argentina. O governo Lula defende a designação de João Sayad, vice-presidente do BID. Lavagna evitou falar em nomes:
- Estamos pensando em projetos, não em nomes.
BID: Palocci não convenceu Kirchner a apoiar Sayad
A imprensa argentina divulgou que Palocci tentara obter o apoio de Kirchner a Sayad, mas fracassou. Recentemente, o governo argentino demonstrou irritação com a estratégia brasileira de disputar posições importantes em diferentes instituições multilaterais, como a ONU e a Organização Mundial de Comércio (OMC).
Legenda da foto: O PRESIDENTE Kirchner cumprimenta o ministro Palocci em Buenos Aires