Título: ALDO: GOVERNO VAI COLABORAR COM INVESTIGAÇÕES
Autor:
Fonte: O Globo, 15/06/2005, O País, p. 15

Ministro prefere não comentar depoimento de Jefferson, mas afirma que PTB é um aliado

BRASÍLIA. O ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, disse que o governo vai colaborar com todas as investigações que o Congresso fizer para esclarecer as denúncias. Apesar de estar num almoço na embaixada da Argélia no início do depoimento do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), Aldo rebateu algumas declarações iniciais do petebista, que afirmara que havia cometido um erro ao desistir da CPI atendendo a um pedido de Aldo e do chefe da Casa Civil, José Dirceu.

- Não vou discutir a avaliação do deputado Roberto Jefferson. Se ele considera que num primeiro momento foi um acerto assinar a CPI e um erro, num segundo momento, deve ter suas razões. Não me cabe discuti-las. O PTB foi e é um aliado do governo - disse Aldo.

O ministro, que faz parte da tropa de choque do governo contra CPI, negou que haverá interferência nos trabalhos do Congresso.

- O governo vai colaborar com todas as investigações que o Congresso julgar necessárias para esclarecer as denúncias - disse ele.

Reforma ministerial é assunto exclusivo de Lula

O ministro afirmou ainda que a reforma ministerial é um assunto "exclusivo do presidente Lula".

- Apenas defendi que o ministro Dirceu tem um papel importante a cumprir no governo - disse Aldo, lembrando que o poder de escolha de ministros é do presidente e que "ninguém deve se sentir refém dos partidos políticos".

Já o ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, outro da tropa de choque do governo, disse que o país não deve parar por causa das denúncias. Ele também almoçou na Embaixada da Argélia.

- O Brasil já amadureceu sua democracia para enfrentar situações como essa de maneira que o país não pare - afirmou Campos.

Pela manhã, o ministro da Educação, Tarso Genro, disse que o governo não temia o depoimento de Jefferson. Tarso disse que o presidente quer uma apuração que vá fundo nas denúncias.

- Lula quer uma apuração que vá fundo, mas isso não pode atrapalhar a agenda de interesse do país. Nenhum de nós está preocupado com o depoimento do deputado Jefferson, só estamos preocupados na medida em que ele pode atrapalhar a agenda do Congresso. Mas esse depoimento vai ser muito importante para todas as investigações que vão ocorrer, inclusive para avaliar as suas próprias responsabilidades - observou o ministro da Educação.

Ironia sobre proposta de renúncia coletiva

Tarso foi irônico ao comentar a proposta do senador Tião Viana (PT-AC) de que todos os ministros apresentassem um pedido de renúncia coletiva:

- Não é preciso nenhuma renúncia pessoal ou coletiva porque o cargo está à disposição do presidente desde o primeiro dia. Foi uma manifestação do senador de vontade puramente individual. Ela atrapalharia se o governo respondesse pondo a possibilidade de algum senador também renunciar, mas como não vamos responder, não há nenhum problema.

O ministro da Previdência, Romero Jucá, por sua vez, disse que se sente tranqüilo e que "espera ficar no cargo".

Os articuladores políticos do governo concluíram que os partidos aliados acertaram quando decidiram não abrir mão da presidência e da relatoria da CPI dos Correios. O tucano Gustavo Fruet pediu que fossem convocados para depor e obrigados a abrir mão do sigilo telefônico e bancário Dirceu; o presidente do PT, José Genoino; o tesoureiro do PT, Delúbio Soares; o secretário-geral do partido, Sílvio Pereira e o secretário de comunicação, Marcelo Sereno.