Título: MERCADO REAGE BEM AO DEPOIMENTO DE JEFFERSON
Autor: Patricia Eloy
Fonte: O Globo, 15/06/2005, Economia, p. 29

Falta de provas das acusações ao PT leva dólar a cair 0,65%, a terceira queda seguida, e Bolsa a subir 3,38%

Nervosismo e fortes oscilações marcaram os negócios de ontem no mercado financeiro brasileiro, diante do depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson, no Conselho de Ética da Câmara. A expectativa dos investidores era em relação à possibilidade de o deputado apresentar provas para as acusações de que o PT teria pago mesadas a deputados do PP e do PL em troca de apoio. Sem elas, o mercado teve forte correção e fechou com números positivos.

O dólar, que chegou a valer R$2,472, fechou em queda de 0,65% (a terceira consecutiva), cotado a R$2,434. Da mínima à máxima do dia, oscilou 1,6%. A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) caiu 2% até o início do depoimento de Jefferson, à tarde. Quase uma hora depois, a falta de provas fez a Bolsa subir mais de 1%, para fechar em alta de 3,38%. Da mínima à máxima, a oscilação foi de mais de 1.500 pontos. O volume financeiro atingiu R$2,172 bilhões, quase 50% a mais que a média diária de junho, de R$1,46 bilhão.

- Sem provas para fundamentar as denúncias, os investidores aproveitaram a queda dos últimos dias para comprar ações a um preço mais baixo. Além disso, pela primeira vez desde a crise, o mercado acionário passou a trabalhar com a possibilidade de manutenção da taxa básica de juros na reunião do Comitê de Política Monetária (cujo resultado sairá hoje), que já tinha se refletido em outros mercados - explica Gustavo Alcantara, gestor de fundos da Mercatto.

O risco-Brasil caiu 1,42%, para 416 pontos. O Global 40, título da dívida externa brasileira, subiu 0,26%, cotado a 117,9% do valor de face.

Acordo entre Pão de Açúcar e Casino beneficiará minoritário

Ontem, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) enviou um comunicado ao Grupo Pão de Açúcar - que fechou, no início do mês passado, um acordo com o grupo francês Casino - informando que os acionistas minoritários devem receber por suas ações até 80% do que o controlador, o empresário Abílio Diniz, ganhou na operação, o que não constava no fato relevante publicado em maio.

O acordo é de US$860 milhões e Diniz receberá R$1 bilhão em dinheiro. Embora o controle seja dividido entre os sócios num primeiro momento, o acordo prevê que o Casino poderá assumir o comando daqui a oito anos.

- E é justamente essa possibilidade de mudança no controle que torna obrigatória a aquisição das ações dos minoritários por 80% do valor pago ao principal acionista - esclarece Carlos Alberto Rebelo, superintendente de registros da CVM.

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