Título: Um neopetista no comando da comissão
Autor: Gerson Camarotti e Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 16/06/2005, O País, p. 4

Delcídio foi da Petrobras no governo FH

BRASÍLIA. Não foi por acaso que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo para que o líder do PT no Senado, Delcídio Amaral (MS), assumisse o comando da CPI dos Correios. Considerado moderado e conciliador, ele é visto como o homem perfeito para evitar turbulências com a oposição durante os trabalhos da comissão, já que tem bom trânsito com os líderes. Delcídio ocupou uma diretoria da Petrobras no governo Fernando Henrique, indicado pelo hoje deputado Jader Barbalho, e foi ministro das Minas e Energia do presidente Itamar Franco.

Engenheiro eletricista e técnico de carreira em grandes empresas como a Shell, Delcídio só entrou no PT recentemente, quando disputou em 2002 o cargo de senador por Mato Grosso do Sul. Seu padrinho no partido foi o governador José Orcírio de Miranda, o Zeca do PT. Mas o convite foi reforçado pessoalmente por Lula e pelo hoje chefe da Casa Civil, José Dirceu.

Entrar na política e no partido exigiu persistência. Até assinar a ficha de filiação, Delcídio era alvo de ações judiciais de sindicalistas que contestavam sua conduta na Diretoria de Finanças da Eletrosul. À frente dos protestos estava, entre outros, Ideli Salvatti (SC), hoje colega de bancada no Senado. Para sair candidato, ele teve que superar as resistências dos diretórios municipal e estadual do PT. Delcídio ainda era visto como um estranho.

- Quando me filiei ao PT, choveram recursos no município, no estado e no diretório nacional - lembra Delcídio.

Na disputa pelo Senado, ele era considerado um azarão. Seus oponentes seriam o senador Ramez Tebet (PMDB), ex-presidente do Senado, e o ex-governador Pedro Pedrossian (PP). Acabou ficando com a segunda vaga por uma diferença de quatro pontos percentuais. Delcídio admite que quase se filiou ao PSDB: sua ficha foi abonado pelo ex-ministro Sérgio Motta, já falecido, mas não chegou a ser registrada no TRE.

- Sempre tive boas relações com PSDB e PFL - admite o senador petista.

Legenda da foto: DELCÍDIO: ESCOLHIDO pelo bom trânsito com a oposição