Título: Oposição avisa ao mercado que não radicalizará
Autor: Adriana Vasconcelos
Fonte: O Globo, 16/06/2005, O País, p. 10

BRASÍLIA. Pouco mais de uma hora após o fim do depoimento do presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ), ao Conselho de Ética da Câmara, anteontem à noite, cerca de 50 executivos de grandes bancos - como Itaú, Unibanco, Safra, ABN-AMRO e JP Morgan - e empresários dos setores farmacêutico e industrial, apreensivos, tiveram uma reunião com os dois principais líderes da oposição no Senado: o pefelista Agripino Maia (RN) e o tucano Arthur Virgílio (AM). Eles queriam informações sobre o risco de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sofrer um processo de impeachment.

A preocupação maior é com o impacto da crise nos rumos da economia, que já demonstra, na avaliação deles, um desaquecimento. Após duas horas de conversa, o grupo de executivos e empresários ficou mais tranqüilo. Embora Agripino e Virgílio tenham admitido que a situação do governo é muito difícil, ambos reiteraram o compromisso de seus partidos de trabalhar com responsabilidade no sentido de preservar as instituições democráticas e evitar, assim, maiores interferências no cenário econômico.

- O pessoal está apavorado com uma perspectiva de golpe ou impeachment e, por isso, eles pediram o encontro para saber como a oposição pretende se portar na CPI dos Correios. Nós os tranqüilizamos. Dissemos que o quadro é ruim, mas que a oposição fará tudo para evitar maiores repercussões na economia. Só não teremos condições de segurar se aparecerem denúncias mais graves - disse Agripino.

Empresários presentes ontem a solenidade no Palácio do Planalto subestimaram os efeitos da crise na economia e no mercado. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto, disse que o empresariado desenvolveu uma espécie de "tecnologia de convivência" para enfrentar crises políticas. Monteiro, filiado ao PTB, afirmou não acreditar que haverá efeitos negativos na economia, mas sugeriu uma reforma ministerial para que o governo possa se fortalecer novamente.

COLABOROU Eliane Oliveira