Título: PLANOS INCLUÍAM EXPORTAÇÃO
Autor: Mirelle de França e Carlos Vasconcellos
Fonte: O Globo, 16/06/2005, Economia, p. 26

História da empresa mudou com a Nova Schin, em 2003

SÃO PAULO. A operação deflagrada ontem pela Receita e pela Polícia Federal ocorreu no momento em que a Schincariol, criada em 1939 inicialmente para fabricar refrigerantes com sabor de frutas, se preparava para começar a exportar a Nova Schin. No início deste ano, o presidente do grupo, Adriano Schincariol, afirmou que isso poderia acontecer a partir de 2007 e que não estava descartada a possibilidade de construção de uma fábrica própria no exterior.

Com sede em Itu, no interior de São Paulo, a Schincariol opera com sete fábricas no país, que produzem 2,1 bilhões de litros de cerveja, chope, refrigerantes, águas minerais, concentrados, sucos e produtos energéticos. Com recursos do BNDES, a companhia iniciou a construção de mais duas unidades: em Igrejinha, no Rio Grande do Sul, e em Benevides, no Pará. De um orçamento total de R$541 milhões, o banco estatal aprovou o financiamento de R$227,8 milhões, em fevereiro deste ano.

A história recente da companhia tomou em novo rumo com o lançamento da Nova Schin, em 1º de setembro de 2003. Até então pouco conhecida fora da Região Sudeste do país, a Schincariol inaugurou uma agressiva campanha de marketing contra a concorrente AmBev. O bordão "Experimenta" caiu no gosto do consumidor brasileiro e levou a empresa a fechar 2003 com uma participação de mercado de 15,3%. No ano passado, porém, essa fatia voltou a 12%.

Todo o processo de reestruturação foi coordenado pelo publicitário Eduardo Fischer, presidente da agência Fischer América. À época, a empresa ainda se ressentia da morte do seu fundador, José Nelson Schincariol, morto com três tiros ao chegar em sua residência, em Itu. A Polícia concluiu que ele fora vítima de uma tentativa de assalto.

A disputa entre AmBev e Schincariol ultrapassou as gôndolas de supermercados e mesas de bar, quase virando um caso de Polícia. Escolhido garoto-propaganda da nova Schin, o cantor e compositor Zeca Pagodinho levantava o copo e convidava o consumidor a experimentá-la. Seu contrato, de setembro de 2003, era válido por um ano. Mas em março de 2004 o artista apareceu em uma campanha da arqui-rival Brahma cantando que "tudo não passou de um amor de verão e que voltou para seu grande amor".

Mês passado, a juíza Adriana Porto Mendes, da Vara Cível Central de São Paulo, condenou a Africa, a agência de Nizan Guanaes, detentora da conta da AmBev, a pagar à Fischer America uma indenização de R$500 mil por danos morais. (Aguinaldo Novo)