Título: SETOR PRODUTIVO AGORA PEDE REDUÇÃO
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Fonte: O Globo, 16/06/2005, Economia, p. 29

Empresários e sindicalistas não se satisfazem com manutenção da taxa

RIO e SÃO PAULO. Os representantes do setor empresarial e das centrais sindicais não se contentam com a manutenção da Selic em 19,75% ao ano, como decidiu ontem o Banco Central (BC). Eles reivindicam a queda dos juros básicos para, nas palavras do presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, "salvar o ano", uma vez que o primeiro semestre está sepultado em termos de atividade econômica. Skaf defendia a redução da taxa já este mês, assim como Boris Tabacof, diretor do departamento de economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp).

- É preciso salvar o ano. Isto somente será possível se os juros caírem rapidamente, considerando que o mercado demora a refletir a oscilação das taxas. Esperamos que o fato de o Copom ter mantido a Selic seja o marco de um ciclo descendente - disse Skaf.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) considerou "bem-vindo o processo de correção da taxa Selic". Em nota, a entidade afirmou que os efeitos restritivos da política monetária estão cada vez mais visíveis, especialmente sobre a inflação, que já apresenta trajetória mais favorável.

O presidente da Federação do Comércio do Estado do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ), Orlando Diniz, também chamou a atenção para a desaceleração da inflação e para a valorização do real frente ao dólar, que mantém boas perspectivas para os preços futuros. Em comunicado oficial, Diniz reivindicou a redução da Selic "o quanto antes". Discurso idêntico teve o presidente da Federação do Comércio do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP), Abram Szajman:

- É necessário retomar a trajetória de redução da Selic, o mais rápido possível, para que o setor produtivo possa recobrar o ânimo para investir e gerar emprego e renda. Só assim, teremos perspectivas de um cenário melhor para 2006.

Para CUT, manutenção dos juros só não é pior que alta

Os representantes dos trabalhadores também demonstraram insatisfação com a manutenção da Selic. O presidente da Central Única dos Trabalhadores, Luiz Marinho, afirmou que a decisão do Copom de deixar os juros em 19,75% ao ano só não foi pior do que uma elevação. Para ele, o Brasil precisa muito de uma agenda positiva, e a queda da taxa básica seria uma boa notícia nesta direção.

- A taxa atual está muito longe de responder à reivindicação da CUT e de diversos setores da sociedade, que insistem em queda consistente como passo fundamental para garantir um ciclo de crescimento econômico sustentável para o Brasil, que gere empregos e renda - disse Marinho, em nota oficial.

Para o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, a manutenção dos juros não é sinônimo de melhora na economia:

- O resultado dessa política resulta na redução de consumo e fechamento de postos de trabalho. Com certeza, a manutenção dos juros em patamares estratosféricos já compromete o segundo semestre do ano de 2005.

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