Título: VENTOS DERRUBAM DUAS LINHAS DE ITAIPU
Autor: Ramona Ordoñez
Fonte: O Globo, 16/06/2005, Economia, p. 31
ONS monta esquema especial e outras usinas aumentarão a geração para não faltar energia
Ventos a uma velocidade superior a 180 quilômetros por hora derrubaram nove torres de duas das três linhas de transmissão em corrente alternada da usina de Itaipu, no fim da tarde da última terça-feira. O acidente retirou do sistema 3 mil megawatts (MW) da energia que vai até São Paulo e de onde é distribuída pelo sistema Interligado Sul/Sudeste. Enquanto as linhas não voltarem a funcionar, Itaipu está operando com apenas uma linha em corrente alternada em vez das três.
O presidente do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Mário Santos, garantiu, contudo, que não há riscos no abastecimento de energia, caso ocorra algum problema com a última linha. Segundo Santos, o ONS elaborou um programa de emergência que permite o atendimento normal do consumo do sistema Sul/Sudeste, em caso da terceira linha apresentar problemas.
- O sistema está robusto, não houve falta de energia no momento porque o sistema de segurança funcionou. E agora o atendimento continua garantido - disse.
ONS suspende paradas de manutenção de usinas
Mário Santos destacou que foram suspensas as paradas programadas de manutenção em diversas usinas hidrelétricas que vão garantir um reforço de 2.700 MW ao sistema. Além disso, o ONS autorizou que diversas usinas termelétricas a gás natural e a carvão fossem preparadas para serem acionadas, caso necessário. Essas térmicas garantem um aumento na oferta de energia de mais 1.300 MW. Além disso, o programa prevê, se necessário, que o Brasil importará entre 300 MW a 500 MW da Argentina.
As duas linhas saíram do sistema às 19h26m da última terça-feira por causa dos ventos que derrubaram cinco torres em uma delas e quatro em outra. No momento em que ocorreu, as três linhas juntas estavam transportando 5.500 MW de energia e a carga caiu para 2.500 MW. Mário Santos explicou que os sistemas de segurança funcionaram corretamente, reduzindo a geração de Itaipu, para não sobrecarregar o sistema ao mesmo tempo em que outras usinas aumentaram sua geração. Ao todo, Itaipu gerava 11.500 MW no momento do acidente. As torres foram derrubadas a 60 quilômetros de Cascavel, no Paraná, e a 120 quilômetros de Foz do Iguaçu.
Energia que saiu do sistema equivale a consumo da Bahia
O presidente do ONS informou que os três mil MW que saíram do sistema no momento do acidente são suficientes para atender o consumo de todo estado da Bahia, ou a três cidades como Brasília. Mário Santos destacou que o fato de não ter faltado energia nem ter ocorrido um pico de luz, mostra que o sistema de transmissão está em boas condições. Ele lembrou que os três mil MW representam 7% do consumo do sistema Sul/Sudeste que, na hora do pico, é da ordem de 47,3 mil megawatts de energia.
Os técnicos de Furnas estimam que uma das linhas deverá ser consertada até o próximo dia 26 e a outra linha até o dia 6 de julho próximo.
Legenda da foto: USINA DE ITAIPU: sem parte do sistema de transmissão, teve que reduzir em 3 mil megawatts a geração