Título: GENERAL HELENO PEDE PARA DEIXAR HAITI
Autor: Luis Miguel Kawaguti
Fonte: O Globo, 16/06/2005, O Mundo, p. 33

Militares cariocas substituem paulistas na força de paz das Nações Unidas

PORTO PRÍNCIPE. Após chefiar por mais de um ano as forças de paz da ONU no Haiti, o general Augusto Heleno Ribeiro disse que pediu às Nações Unidas para ser substituído. Ele fez a afirmação pouco antes da cerimônia de troca de contingente, na qual militares cariocas substituíram os quase 1.200 paulistas que trabalhavam na missão de paz desde dezembro de 2004.

A substituição tem que ser autorizada pela ONU e aprovada pelo secretário-geral Kofi Annan. Segundo Heleno, seu trabalho era chefiar a missão por um ano, prazo que venceu em 31 de maio. Se a ONU autorizar a substituição, o comando da força de paz pode passar para um dos outros 11 países que compõem a Minustah, a Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, ou para outro militar brasileiro. O general deixou claro que gostaria que seu substituto também fosse do Brasil.

- Estou aqui há um ano. A missão é muito difícil e estou longe da família. Se o trabalho fosse no Brasil poderia ficar uns cinco anos - disse, explicando que não há prazo definido para que a ONU tome uma decisão.

O general afirmou que a violência no país foi controlada, exceto na capital, Porto Príncipe. Em Bel Air, reduto de rebeldes que apóiam a volta do ex-presidente Jean-Bertrand Aristide, a tropa sofreu 68 ataques a tiro, mas nenhum militar foi morto. A tropa realizou a média de 23 patrulhas por dia, além de atuar em pontos fixos e dar segurança a autoridades.

Há menos de uma semana, o general recebeu uma carta do presidente Lula elogiando seu trabalho e de toda a tropa.

Os paulistas no Haiti pertencem a batalhões de infantaria aeromóvel do interior de São Paulo, como Caçapava, Osasco e Pirassununga, e estão sendo substituídos por fuzileiros da Marinha e militares da 9ª Brigada de Infantaria, do Rio. Com a passagem de comando, a estrutura de ação também muda. Os comandos da Brigada Haiti e do Batalhão de Infantaria de Paz serão unificados, a cargo do carioca Adilson Mangiavacchi. O contingente carioca já atua em Porto Príncipe e teve um componente ferido. Um batalhão de engenharia de 150 homens do Nordeste atuará na construção de pontes e estradas.

Do Diário de S. Paulo

Legenda da foto: SOLDADO BRASILEIRO revista um jovem haitiano, em Porto Príncipe: cariocas já têm um integrante ferido