Título: CRIMINOSOS DA DITADURA ARGENTINA SERÃO JULGADOS
Autor: Janaina Figueiredo
Fonte: O Globo, 16/06/2005, O Mundo, p. 33
Chefe do Exército diz que Justiça acertará contas com todos os militares acusados
BUENOS AIRES. Um dia depois de o Supremo Tribunal de Justiça ter declarado inconstitucionais as leis de Obediência Devida e do Ponto Final, que anistiaram centenas de militares, o chefe do Exército argentino, tenente-general Roberto Bendini, assegurou que "todos os responsáveis (por crimes da ditadura) deverão ser julgados e condenados".
Segundo calculou ele próprio, cerca de 400 militares poderiam ser convocados pela Justiça nos próximos meses.
Próximo passo deve ser revogação de indultos
Bendini foi ainda mais longe e afirmou que após a anulação das chamadas leis do perdão, "o próximo passo deveria ser a revogação dos indultos" aprovados pelo presidente Carlos Menem (1989-1999). Em 1989 e 1990, Menem indultou cerca de 280 militares, incluindo as principais autoridades do governo militar, como o general Jorge Rafael Videla e o almirante Emilio Massera.
Ambos cumprem atualmente prisão domiciliar, pois foram condenados pelo roubo de bebês - filhos de presos políticos desaparecidos - delito que ainda não prescreveu.
Designado por Kirchner em maio de 2003, o chefe do Exército negou que a decisão do Supremo tenha provocado reações adversas entre os militares.
- Não há mal-estar - disse Bendini.
Ministro: "Governo Kirchner acabou com impunidade"
Funcionários do governo Kirchner defenderam a anulação das leis do perdão, uma das promessas que o presidente fizera em seus primeiros meses de governo às organizações de defesa dos direitos humanos.
- Numa democracia estável é necessário terminar com o que aconteceu entre os argentinos, com essa sensação de impunidade que tomou conta de nosso país - comentou o chefe de Gabinete, Alberto Fernández.
O ministro argentino afirmou que o governo Kirchner "foi o grande promotor do fim da impunidade" no país.