Título: DONO DA PETRÓPOLIS PRESO POR VÍNCULO COM SCHIN
Autor: Martha Beck
Fonte: O Globo, 17/06/2005, Economia, p. 29

Empresa não foi envolvida, diz delegado

SÃO PAULO e RIO. Na operação conjunta de Polícia Federal (PF), Receita Federal e Ministério Público que levou à prisão os donos e os principais executivos da Schincariol, deflagrada quarta-feira, foi preso também o empresário Walter Faria, proprietário da Cervejaria Petrópolis, por vínculos com a fabricante paulista.

De acordo com a PF, Faria foi detido por seu envolvimento no suposto esquema de sonegação da Schincariol no fim dos anos 90, quando era um dos distribuidores da marca. A PF do Rio informou ontem que Faria foi indiciado como pessoa física e a acusação não tem relação com a Cervejaria Petrópolis.

- A Petrópolis não é objeto da atual investigação, mas apenas o envolvimento de seu presidente com a Schincariol - esclareceu um delegado da PF.

Na Operação Cevada, a maior de combate à sonegação fiscal já feita no país, foram presas em 12 estados 72 pessoas ligadas à Schincariol. Oito foram liberadas ontem. A sonegação da Schincariol é de pelo menos R$1 bilhão. Os donos da empresa serão indiciados também por lavagem de dinheiro, evasão de divisas, corrupção de servidores públicos e formação de quadrilha.

A Petrópolis, que produz as marcas Itaipava e Crystal, tem mais de 5% de participação no mercado nacional de cervejas. Faria foi detido em Boituva, no interior paulista, onde a Petrópolis tem uma fábrica.

- Ainda não dá para saber com segurança, porque o inquérito da PF está sob sigilo. Mas as perguntas (no depoimento de Faria) referiam-se ao período em que ele era distribuidor da Schincariol - disse o advogado Roberto Podval, que defende o dono da Petrópolis.

Embora tenha sido requisitado também para defender os cinco membros da família Schincariol presos - Gilberto, seus filhos Gilberto Júnior e José Augusto e seus sobrinhos Adriano e Alexandre - Podval disse que irá representar apenas Faria. O advogado espera ter acesso ao inquérito da PF hoje, mas não acredita que seu cliente ou os diretores sejam libertados no domingo, quando expira o período de prisão temporária.

Dentro de dez a quinze dias, o Ministério Público Federal irá oferecer denúncia pelo crime de formação de quadrilha, com possível conexão com crime de corrupção ativa. Os suspeitos só serão denunciados pelo crime de sonegação fiscal quando a Receita concluir a apuração dos valores. Os documentos apreendidos em todo o país serão enviados à PF no Rio e levados para a Receita no estado. Entre os diretores da Schincariol, apenas o de Marketing não foi detido. A fábrica de Itu funcionou normalmente ontem.